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Comportamento

Ninguém chega perto de bar depois de vizinho ameaçar com tiro fatal

Mensagens pichadas dentro e fora do espaço na Avenida Rouxinol chamam a atenção, mas o povo prefere rir

Aletheya Alves | 18/01/2022 10:11
OUma das paredes internas de bar com aviso: "Não entre, sujeito a tiro fatal". (Foto: Marcos Maluf)
Uma das paredes internas de bar com aviso: "Não entre, sujeito a tiro fatal". (Foto: Marcos Maluf)

“Se entrar pode morrer” e com “tiro na cabeça”. Quem passa pela Avenida Rouxinol, no Bairro Tiradentes, acaba rindo de avisos graves, violentos, pichados dentro e fora de um bar que está fechado há cerca de cinco anos.

Nas paredes internas, atrás de grades finas, a frase “Não entre, sujeito a tiro fatal” completa o cenário para afastar qualquer um que queira invadir ou só dormir na varanda. Já do lado de fora, as ameaças terminam com um “Depois não chora”.

Em uma conveniência também desativada, que parece ser uma extensão do bar, o responsável pelas mensagens usou até desenho com legenda para ter certeza que o aviso estava claro.

Em conveniência ao lado, há um desenho de arma e uma "legenda" dizendo "tiro". (Foto: Marcos Maluf)
Em conveniência ao lado, há um desenho de arma e uma "legenda" dizendo "tiro". (Foto: Marcos Maluf)

Ainda sem se acostumar com as mensagens nada hospitaleiras, o autônomo Thiago Pereira, de 38 anos, trabalha na região há pouco mais de um mês e conta que por bem ou mal, as palavras parecem funcionar.

“Nunca vi ninguém nem sentar ali por perto, tem uma muretinha que dá para usar, mas ninguém arrisca. Não dá nem para pensar ‘Ah, vou sentar um pouquinho’ e descansar né?”, brinca.

Thiago apontando para pichação de "Depois não chora" em um dos muros. (Foto: Marcos Maluf)
Thiago apontando para pichação de "Depois não chora" em um dos muros. (Foto: Marcos Maluf)

De qualquer modo, ele acredita que o receio é sentido mais por quem passa por perto do que de fato para alguém que poderia invadir o espaço. Apesar de propagar a violência como solução para falta de segurança, Thiago diz que ele mesmo leva tudo no humor. “Quando essa gurizada quiser entrar, eles vão. Isso não assusta eles, intimida mais os outros que passam por perto”.

Moradora do bairro, Marina Lima, de 53 anos, explica que há algum tempo, não vê andarilhos pela região e, mesmo que visse, não acharia certo continuar com as ameaças. “

Eu acho meio estranho, não parece certo. Seria melhor prevenir com polícia, coisas dentro da lei, porque isso é um aviso que só assusta a gente”, ensina.

Avisos foram completados com frases de "tiro na cabeça". (Foto: Marcos Maluf)
Avisos foram completados com frases de "tiro na cabeça". (Foto: Marcos Maluf)

Já a empresária Maria Pereira, de 53 anos, aprova os “anúncios” da Avenida Rouxinol. “Aqui tinha bastante roubo, mas invasão não. Esses avisos são para deixar os ladrões espertos mesmo, aqui entraram e levaram tudo já”, disse.

Sobre a movimentação na região, ela comenta que poucas vezes vê o dono do comércio e que nunca viu ninguém entrando no espaço desde que o bar fechou, há cinco anos. No local, há um número antigo de telefone, mas que está desativado e, por isso, não conseguimos encontrar o responsável.

Ao longo dos anos, o lugar virou pura ironia. Imagens de 2019, feitas pelo Google, mostram um cartaz chamando pessoas para a “Romaria Rainha da Paz”.

Cartaz em 2019 convocava os fiéis para romaria. (Foto: Google Maps)
Cartaz em 2019 convocava os fiéis para romaria. (Foto: Google Maps)

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