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Comportamento

O que há por trás da história de família que agora ‘vê’ a 14 de Julho

Artista produziu lambe-lambe inspirado no retrato de uma das famílias mais antigas de Campo Grande

Por Jéssica Fernandes | 30/01/2024 06:47
Lambe-lambe de artista é inspirado no retrato da família Secco Thomé. (Foto: Alex Machado)
Lambe-lambe de artista é inspirado no retrato da família Secco Thomé. (Foto: Alex Machado)

Na Rua 14 de Julho o muro antigo recebeu o lambe-lambe inspirado no retrato de uma das famílias mais antigas e tradicionais de Campo Grande. Através da arte de Laís Rocha Oliveira, de 23 anos, os primeiros Secco Thomé estão ‘vendo’ e sendo vistos pelas pessoas que passam em frente ao casarão.

Em 2023, o Lado B mostrou o interior do casarão inspirado na arquitetura do movimento ‘Art Déco’. Erguida em 1947 por Manuel Secco Thomé, a residência atualmente é cuidada por Miska Tomé. A neta do construtor tem um projeto de transformar o endereço em centro cultural aliando arte e a história da família.

No final do ano passado, o Casarão Thomé recebeu o primeiro evento nesse estilo. A 5ª Edição da MADi - Mostra de Arte Digital proporcionou o encontro entre Miska e a artista. A partir disso, ela conta que fez o convite que resultou no lambe-lambe.

Na Rua 14 de Julho, parte do muro foi ocupado com colagens. (Foto: Alex Machado)
Na Rua 14 de Julho, parte do muro foi ocupado com colagens. (Foto: Alex Machado)

“Eu convidei a Laís que participou da mostra que fizemos no casarão. Foi a primeira ocupação cultural oficial. Ela fez uma colagem de lambe no muro do pátio interno da casa e eu convidei ela para fazer a colagem fora.  Estamos ocupando e colocando a arte na rua e está sendo muito massa”, diz.

O lambe-lambe ficou pronto no dia 23 deste mês e a expectativa é que outros ganhem espaço no muro. A artista visual comenta que tem achado interessante o processo criativo do trabalho e que isso possibilitou conhecer a história da família Secco Thomé de outra forma.

“Pra mim é incrível estar vivendo esse momento e tendo essa oportunidade de ver de perto toda a história e adaptar tal memória para a criação das colagens. Pesquisar e conversar com a Miska sobre as lembranças me fez conhecer um lado que nunca havia visto sobre a família Thomé, um lado mais sensível, mais próximo e histórico também”, afirma.

Grafite de Rafael Mareco faz parte de projeto artístico do casarão. (Foto: Alex Machado)
Grafite de Rafael Mareco faz parte de projeto artístico do casarão. (Foto: Alex Machado)

Na visão dela, Campo Grande é uma cidade que pode reviver histórias como a da família sob a ótica artística. “Estar presente nesse momento me faz refletir que nossa cidade tem muita história escondida, que através da arte pode ser explorada de diversas maneiras”, diz.

O artista Rafael Mareco também está fazendo uma intervenção no endereço do casarão. Ele está grafitando a área que servia de galpão quando a residência foi construída por Manuel no século passado.

O projeto artístico que está deixando o cenário na Rua 14 de julho mais colorido está chamando a atenção da vizinhança. Miska comenta que de certa forma o avô, a mãe e os tios estão acompanhando essa nova fase. “A família está lá olhando o novo movimento. Tem algumas pessoas que moram na região e sabem da história. As pessoas têm histórias com a casa e estão vendo ela sendo ocupada de outra maneira”, pontua.

Na Rua 14 de Julho, Casarão São Thomé foi construído em 1947. (Foto: Alex Machado)
Na Rua 14 de Julho, Casarão São Thomé foi construído em 1947. (Foto: Alex Machado)

Proporcionar esse sentimento nas pessoas é um dos propósitos do trabalho da artista plástica. Ela é quem está levando a memória da primeira geração dos Secco Thomé adiante.

Recentemente, Miska criou um Instagram onde tem feito postagens com fragmentos da história da família. “É muito bacana, é como se eu tivesse montando um quebra-cabeça”, frisa. Por enquanto, a artista plástica está viabilizando o projeto de fazer o Casarão Thomé um centro cultural.

“No momento estou que nem água que vai caindo e achando o caminho porque para abrir a casa temos que ter um funcionário e não temos recursos. Eu tô vendo de criar um coletivo, uma curadoria para ver como fazer, como manter o espaço”, explica.

Família Thomé: Emilcy, Irene, Arnaldo, Erothildes, Cacilda (em pé), Arminda, Maria Luiza, Bráulio, Manuel e Aparecida (sentados).
Família Thomé: Emilcy, Irene, Arnaldo, Erothildes, Cacilda (em pé), Arminda, Maria Luiza, Bráulio, Manuel e Aparecida (sentados).

História da família - Natural de Portugal, Manuel Secco Thomé veio para o Brasil onde abriu em 1924 a primeira empresa de sucesso em Campo Grande. A ‘Thomé e Irmãos’ foi fundada numa parceria entre Manuel e os irmãos Joaquim e Antônio.

No ano passado, durante a visita do Lado ao Casarão Thomé, Miska falou sobre a relevância do trabalho dos avós e tios para a formação da Capital. “Toda essa área, do Colégio Dom Bosco para cá, era dos Thomés. Eles tinham um parque industrial com serralheria, mecânica, tinha todo um aparato. Nos anos 30, eles foram um dos maiores construtores”, disse na época.

O Relógio da 14 de Julho, os Correios, Americano Hotel, o cinema Rialto e a primeira ponte de concreto do Estado, que fica em Coxim, são alguns dos feitos dos três irmãos. Além desses, a construtora da família também fez as vilas oficiais localizadas na Rua Barão do Rio Branco.

O Instagram feito pela artista plástica para reviver histórias da família é o @casaraothome

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