Para quem fingia gostar de maiô, a 1ª vez usando biquíni foi uma libertação
Manequim 52, Fernanda deixou de lado o maiô que fingia gostar
Longe das desculpas e com um sorriso lindo no rosto, Fernanda Nogueira, de 21 anos, descobriu a felicidade quando voltou a usar biquíni. A libertação veio depois de anos pressionada pela cobrança em relação ao peso. Hoje, ela usa manequim 52 e deixou de lado o maiô que dizia gostar só por não achar um biquíni que lhe servisse.
Ela conta que a cobrança surgiu quando começou a engordar na adolescência. Levada pelos julgamentos com a aparência, ela deixou as duas peças quando ouviu que estava gorda demais para usar o modelo. "Houve uma vez que eu emagreci um pouco, quando tinha 15 anos e comprei um biquíni para viajar. Uma moça, perguntou se eu não achava que estava gorda demais. Parei de usar. Praia ou piscina era só de camiseta e short. Não tirava fotos para não expor o meu corpo", lembra.
Foi há dois anos que Fernanda encontrou no maiô a alternativa, mas que no fundo era para continuar fugindo do biquíni. "Usava com a desculpa de que eu achava mais bonito, mas a verdade é que não tinha biquíni pra mim", lamenta.
A "chance" de mudar de estilo veio quando Fernanda passou a olhar o corpo com outros olhos, junto com uma reflexão sobre os desafios de enfrentar padrões. "Quando você é gordo, sempre tem alguém pra dizer que você não se esforça o suficiente para emagrecer. Mas as pessoas pensam assim, sem imaginar como a gente vive", diz.
Ela cita, inclusive, as dificuldades que encontrou quando tentou emagrecer a todo custo. "Ninguém sabe, por exemplo, que já desmaiei numa esteira porque estava fazendo dieta e não me alimentava o suficiente. Já machuquei o joelho na tentativa de fazer zumba. É claro que há a questão da saúde. Mas as pessoas ligam muito mais para aparência".
Foi nos desafios que Fernanda encontrou motivos para ser feliz, independente do peso. "Realmente, ninguém é feliz por ser gordo, mas com certeza pode ser feliz, apesar de ser gordo. E hoje isso é diferente. Até então, achava meu corpo feio e não gostava de expor. Hoje, quando me vejo de biquíni, acho bonito. Sinto como se fosse feito pra mim, assim como deve ser feito para todas as mulheres".
Confiante, aprendeu a superar todo sofrimento. "Por conta do peso, não consigo usar a roupa que quero e tenho dificuldade para tarefas simples de esforço. Mas superei a vergonha de ver gente me julgando enquanto como. Sair do provador com 10 peças sem nenhuma servir e até ver que pessoas não sentam do seu lado no ônibus porque você é gordo. Só que é importante que as pessoas entendam, que isso é ruim. E há pessoas que sofrem todos os dias", acrescenta.
Quando se despiu do maiô e encarou de vez o biquíni, o sentimento foi de satisfação. "Nas férias, minha mãe foi comprar um pra ela e fui junto. Encontrei biquínis com modelagem diferente. Ele tem uma cintura mais alta e servia para o meu tamanho. Experimentei e amei", conta.
Naquele momento, Fernanda decidiu não ligar para o que as pessoas pensam e ficou surpresa. "Minha reação foi de estar vivendo uma experiência nova. Me olhava no espelho e achava bonito. As outras mulheres que estavam nos provadores diziam que estava bonito. Desde então, uso meus biquínis sem medo de ir à piscina, praia e tomar sol. E várias pessoas perguntam onde compro os meus", diz.
Agora Fernanda vê a felicidade de outra forma. "Eu tenho direito de me vestir como quiser na praia e me sentir feliz com isso. Posso me achar bonita e não escondo isso de ninguém. Na verdade, acho que toda mulher tem o direito de se achar bonita, do jeito que quiser", reflete.