Tio foi dado como morto há 44 anos e reapareceu por sorte nas mãos de sobrinho
Foi graças a curiosidade Thiago que a história teve um final feliz para a família
Em Sidrolândia vive Jandir, de 74 anos, que há muito tempo sofria com a ausência da família e chegou a ser dado como morto. Na Bahia, está dona Elidia, de 94 anos, que há mais de quatro décadas não tinha notícias do filho. No meio deles fica o neto dela, que graças a sua profissão conseguiu reencontrar Jandir por sorte, em uma dessas grandes coincidências da vida.
O desfecho dessa história marcada pela saudade ocorreu na semana passada. Thiago Nunes Fernandes, de 26 anos, é advogado e atualmente assessor de gabinete da Segunda Vara Cível em Sidrolândia, a 68 quilômetros de Campo Grande. Ele cresceu ouvindo da mãe o relato sobre um tio desaparecido. "Era o sonho da família abraçá-lo novamente", diz.
Thiago não pensava mais na história, até a chegada de uma carta precatória referente a processo em Camapuã. No papel, um nome chamou atenção do rapaz, com o pedido de reconhecimento de paternidade envolvendo Jandir Nunes Mamã.
O sobrenome levou Thiago a detalhar o processo e tirar suas conclusões sobre o paradeiro do tio sumido há 44 anos. "Poderia não ser o que eu pensava, mas algo me dizia que era ele. O nome é diferente, a história, confirmei os nomes dos meus avós e naquele momento liguei os pontos de que era meu tio desaparecido e que ele nunca esteve morto como minha avó chegou a pensar", conta o advogado.
Naquele dia, Thiago e sua mãe foram até o endereço de Jandir, mas não o encontraram. A resposta é que ele morava distante, em uma chácara. Mesmo assim a família continuou atrás e antes do tão esperado encontro, a emoção tomou conta.
"Não esperamos muito tempo. Encontramos a chácara onde ele mora, cheguei, me apresentei e em seguida ele ficou muito emocionado quando olhou para minha mãe, que é sua irmã", descreve.
Jandir leva uma vida simples depois de tantos anos trabalhando em lavoura. Por telefone, a voz embargada pelo choro, denuncia a comoção em rever a família. "Não sei nem como descrever. Eu já não esperava mais encontrar alguém. Estou até agora sem acreditar", diz.
O aposentado lembra que deixou a família quando morava em Cascavel, no Paraná, depois um vida difícil conduzida pelo álcool. "Eu era adolescente e me joguei na vida. Bebia demais e nunca sobrava dinheiro para ir embora. Um dia sumi, nunca dei endereço ou voltei para ver minha família. Fui para o norte e depois vim para Mato Grosso do Sul, mas sinto muito por toda essa distância".
Jandir agora comemora mais de 12 anos longe da bebida e o cigarro. "Hoje estou bem, mais saudável e levando minha vida. Mas eu não achava que agora iria encontrar todo mundo. Só falta abraçar a minha mãe".
Thiago descreve que a avó de 94 anos mora na Bahia e não tem condições de fazer uma viagem para rever o filho. Mas o rapaz não mediu esforços para proporcionar o reencontro que promete ser emocionante. "Consegui arrecadar valores suficientes para levar ele até a Bahia e reencontrar a minha avó. Ela já sabe que ele está vivo, mas um abraço será uma nova vida", acredita o neto.
Entre eles, o clima agora é de ansiedade, com misto de alegria, principalmente no coração de Thiago que não dá espaço para o acaso nessa história. "Sinceramente? Eu tive a certeza que não foi sorte. Acredito que foi Deus que me colocou no caminho para que ninguém da família terminasse a vida sem ver o meu tio. É uma alegria imensa ver ele bem e feliz", descreve.
Depois de tanto tempo, Jandir está de coração satisfeito. "Agora minha irmã está aqui, fazendo bolo e estamos conversando, porque precisamos matar a saudade. Daqui pra frente, continuaremos sempre como família e também não vejo a hora de olhar para minha mãe, e pedir desculpas por toda minha ausência", declara Jandir.
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