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Diversão

Carnaval está mais democrático e “família”; até quem não gosta sai para ver

Elverson Cardozo | 03/03/2014 09:52
Silvana Souza e o esposo, Rubens Gomes, foram se divertir com os filhos, Heitor e Yuri. (Foto: Cleber Gellio)
Silvana Souza e o esposo, Rubens Gomes, foram se divertir com os filhos, Heitor e Yuri. (Foto: Cleber Gellio)

Dezessete blocos, de várias regiões da cidade, desfilaram, ontem (2) à noite, na Vila dos Ferroviários. O clima descontraído e calmo das apresentações, marcadas pelas antigas marchinhas, serviu de reflexão: O carnaval, em Campo Grande, parece estar mais seguro, democrático e “família”. Diferente de alguns anos, hoje até quem não gosta sai para “espiar”. Seria só impressão?

Foliões de corpo e alma, Silvana Souza, 37 anos e o marido, Rubens Gomes, 34, acreditam que não. Para eles, a festa, realmente, está mais calma. “Antigamente saia muita briga”, comentou o homem. “Hoje a gente veio a pé da matinê, na Fernando Correa, e foi tranquilo”, disse a mulher. O casal estava na companhia dos filhos, Heitor, de 12 anos e Yuri, de 1 ano e 7 meses.

Alessandra Gonçalves de Souza, 38 anos, também estava com os dois herdeiros, Gabriel, de 3 anos e Larissa, de 2. Levou, inclusive, as mamadeiras dos pequenos. “Estou com água, leite, fralda, menos cerveja”, contou, mostrando o “kit emergência”.

Para a auxiliar administrativa, que saiu no bloco “Bem-te-vi”, da região do São Francisco, a folia, na cidade, pelo menos no desfile de ontem, ganhou um clima “mais família”. “A gente precisa dar uma melhorada, mas se diverte mais assim”, afirmou.

Leonice Nunes França e o marido, João Ronald, não gostam de carnaval, mas saíram para assistir os desfiles do portão. (Foto: Cleber Gellio)
Leonice Nunes França e o marido, João Ronald, não gostam de carnaval, mas saíram para assistir os desfiles do portão. (Foto: Cleber Gellio)
Alessandra (à esquerda), foi com a mãe e os dois filhos. (Foto: Cleber Gellio)
Alessandra (à esquerda), foi com a mãe e os dois filhos. (Foto: Cleber Gellio)

Essa tranquilidade foi notada, inclusive, por quem não gosta de carnaval. Leonice Nunes França e o marido, João Ronaldo, não saíram de casa, mas, como moram na rua onde aconteceu o desfile, foram ver os blocos do portão, junto com os dois netos.

“Não tem bagunça”, comentou a mulher, logo após dizer que detesta “as coisas que acontecem no carnaval”. Mas, apesar disso, desta vez, ela teve outra visão. “Achei que está bem seguro. Tem mais polícia que gente”.

O engenheiro Perito Pereira de Andrade, 62 anos, também destacou a segurança e disse que o ambiente era “bom e bem agradável”. “Transmite esse negócio de família, de pai e filho, que é o meu caso”, comentou.

Ele estava junto com o filho, o estudante Perito Pereira de Andrade Junior, de 17 anos. O rapaz era mais um dos vários cadeirantes aproveitando a folia com tranquilidade e segurança.

Perito e Sabrina aproveitaram a folia e destacaram a tranquilidade. (Foto: Cleber Gellio)
Perito e Sabrina aproveitaram a folia e destacaram a tranquilidade. (Foto: Cleber Gellio)

Intérprete da Catedráticos do Samba, Paulo Sérgio Bazílio da Silva, de 43 anos, também curtiu o desfile na cadeira de rodas. “É bem democrático. Um lugar que acolhe com clima bem familiar. Você consegue se divertir sem maiores dificuldades”, declarou.

Também cadeirante, a designer Sabrina Azambuja, de 35 anos, foi pela primeira vez no desfile. “Todo mundo falava que era divertido, aí eu resolvi vir. Gostei. A única coisa ruim são os paralelepípedos”, disse, citando a dificuldade de locomoção. “Mas eu vi bastante segurança, pais com crianças...”, comentou.

Apesar dos elogios e das mudanças, notáveis por quem não perde a data, o estigma social, de que carnaval é só bebedeira, sexo e briga, permanece. É difícil acabar com a imagem construída durante anos, mas, se serve de alento, vale lembrar que esse é um tipo de discurso praticamente universal. Não quer dizer que seja verdade.

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