Grupo monta clube do livro para discutir ficção científica da década de 70
Entre viagens espaciais, realidades alternativas e universos paralelos, o sábado à tarde de um grupo em Campo Grande fica muito mais interessante. Eles se reúnem para discutir livros de ficção cientifica. Para quem gosta do gênero, ter alguém para conversar é muito mais que motivador.
A iniciativa não acontece só na Capital, o Projeto Vórtice Fantástico é uma ideia nacional. Começou em Blumenau (SC), interior de São Paulo, e depois foi se espalhando. Campo Grande é a quinta cidade a abrir um grupo que funciona, mais ou menos, como um clube do livro.
Todo mundo faz a leitura da mesma obra, em casa e, nos encontros, eles discutem a história. Os livros são decididos de maneira democrática, em votação pela internet. Os encontros acontecem duas vezes por mês, mas nesse meio tempo o debate continua na rede, por meio dos grupos no Facebook.
Por enquanto, cada pólo trabalha com um livro, mas a partir de junho a ideia é que todos os grupos trabalhem a leitura da mesma obra. Assim, a discussão ganha mais força pela internet. Para baratear os custos, eles fazem parcerias com editoras.
Para participar do programa “nerd”, é necessário fazer uma breve inscrição pela fanpage e começar a frequentar as reuniões da cultura geek. Além de um ambiente descontraído, é um lugar para fazer amizades com quem divide interesses em comum.
Quem trouxe a iniciativa para Campo Grande foi Samuel Calmon, de 17 anos. Ele seguia o blog Pipoca Musical, criador do primeiro grupo, e decidiu participar da ideia. Foi quando entrou em contato com Daniel Rockenbach, de 32 anos, administrador da página e do blog Sentinela Positrônica, que escreve sobre o assunto.
Daniel não pensou duas vezes e abraçou a iniciativa. “Eu sempre quis encontrar pessoas disposta a conversar sobre os livros de ficção cientifica. Já tinha pensado em montar um grupo assim, eu convidava meus amigos e ficava sempre no vamos ver. E nunca dava certo. Hoje dá uma satisfação ver eles lendo os livros que eu já li, poder reler e saber que eles vão indicar para outras pessoas. E são clássicos, escritos na década de 70”, explica Daniel.
Acaba sendo uma soma, da paixão e do conhecimento de Daniel por obras mais antigas, com o ânimo dos meninos.
Alguns estão começando a ler agora obras de ficção científica. O grupo criado há quatro meses tem a intenção de trabalhar um livro por mês. O primeiro foi “2001 - Uma Odisseia no Espaço”, de Arthur C. Clarke .
A obra foi escolhida por ser um clássico do gênero, além de ter o filme. Assim, na última reunião sobre o livro, eles também discutiram a obra cinematográfica.
“É muito legal, eu sempre li sozinho e não tinha com quem falar. Sempre quis um grupo para discutir. Dá até mais vontade de ler”, diz Danilo Lima, de 23 anos, estudante de análise de sistemas.
A discussão é envolvente, um assunto liga ao outro. Os pontos de vista são diferentes e sempre tem algo a se aprender.
“Eu entrei por indicação de um amigo meu. Sempre gostei de ler, mas me interessava por fantasia e romance. Foi a primeira vez que eu li ficção. Fiquei meio assustado, mas gostei muito”, comenta Bruno Peter dos Santos, de 20 anos.
Nesse sábado o encontro será especial, em homenagem ao Leonard Nimoy, ator imortalizado como o Spock, da série de TV e dos filmes da saga Jornada nas Estrelas. O grupo irá assistir três episódios das séries clássicas, Cidade à Beira da Eternidade, Tempo de Loucura e Todos os Nossos Ontens.
Os encontros acontecem aos sábados, às 14h, na livraria Leparole, na Rua Euclides da Cunha, 1.126.