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Lado Rural

Em resposta à França, frigoríficos querem suspender venda ao Carrefour no Brasil

Medida foi adotada em resposta ao grupo ter anunciado que na França não comprará mais carne do Mercosul

Por José Roberto dos Santos | 22/11/2024 16:09
Operários movimentam carcaças de bovinos abatidos em frigorífico de MS. (Foto: Arquivo/Semadesc)
Operários movimentam carcaças de bovinos abatidos em frigorífico de MS. (Foto: Arquivo/Semadesc)

Em resposta ao anúncio da Rede Carrefour na França, feito pelo CEO da empresa Alexandre Bompard, na quarta-feira, 20, de que o grupo não iria mais importar carne do Mercosul, os principais frigoríficos brasileiros – JBS, Marfrig e Minerva, além de outros médios e pequenos avisaram nesta sexta-feira (22) que não mais venderão carne para a Rede Carrefour no Brasil, incluindo a Rede Atacadão e o Sam's Club. Várias entidades do movimento ruralista brasileiro pediam a aplicação da mesma sanção, por reciprocidade.

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Em resposta à decisão do grupo Carrefour na França de não importar mais carne do Mercosul, os principais frigoríficos brasileiros, como JBS e Marfrig, anunciaram que também deixarão de vender carne para o Carrefour no Brasil. O CEO do Carrefour, Alexandre Bompard, justificou a medida como uma forma de pressão contra o acordo entre o Mercosul e a União Europeia. O Ministério da Agricultura brasileiro lamentou a postura do Carrefour, considerando-a protecionista e sem fundamentos técnicos. O ministro Carlos Fávaro apoiou a decisão dos frigoríficos de interromper as vendas ao Carrefour, argumentando que se a carne não é considerada adequada para o mercado francês, não deveria ser vendida no Brasil também.

A Acrissul (Associação dos Criadores de Mato Grosso do Sul), que engrossou o movimento de repúdio, foi informada da suspensão das vendas de carnes no Brasil, por iniciativa da indústria.

O CEO do Grupo Carrefour na França, Alexandre Bompard, argumentou que a rede varejista não compraria mais carne dos países que compõem o Mercosul – Argentina, Brasil, Paraguai e Uruguai – como forma de pressionar contra o acordo do bloco sul-americano com a União Europeia.

Nesta sexta-feira, o CEO do grupo varejista francês Les Mousquetaires, Thierry Cotillard, endossou o boicote às carnes oriundas da América do Sul em suas redes de supermercados Intermarché e Netto. Em publicação nas redes sociais, ele afirmou que as varejistas do grupo se comprometem a não comercializar o produto sul-americano, seguindo a iniciativa do seu concorrente Carrefour.

Várias entidades representativas do agronegócio brasileiro condenaram a medida anunciada pelo grupo francês.

Reação brasileira

Em nota oficial publicada no mesmo dia 20, o Mapa (Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento) lamentou tal postura que, por questões protecionistas, influenciam negativamente o entendimento de consumidores sem quaisquer critérios técnicos que justifiquem tais declarações.

O posicionamento do Mapa, diz a nota, era de não acreditar em um movimento orquestrado por parte de empresas francesas visando dificultar a formalização do Acordo Mercosul - União Europeia, debatido na reunião de cúpula do G20 nesta semana. "O Mapa não aceitará tentativas vãs de manchar ou desmerecer a reconhecida qualidade e segurança dos produtos brasileiros e dos compromissos ambientais brasileiros", finalizou o texto.

Conforme reportagem publicado pelo portal O Estadão, o ministro da Agricultura brasileiro, Carlos Fávaro, passou a reagir reagindo com veemência ao movimento francês. Ele endossou o posicionamento de entidades do setor produtivo e da indústria brasileira de carnes, que sugeriram o não fornecimento de carnes ao Carrefour também no Brasil, após a suspensão da compra de proteínas do Mercosul pelas unidades francesas do grupo.

“Me surpreende a presidência local aqui no Brasil dizendo “não, nós vamos continuar comprando porque nós sabemos que tem boa procedência. Quem não quer comprar é a matriz lá, a França”. Ora, se não serve ao francês, não vai servir aos brasileiros. Então, que não se forneça carne nem para o mercado desta marca aqui no Brasil”, disse Fávaro a jornalistas na noite desta quinta-feira, 21, em evento de comemoração de dez anos da Abrafrutas (Associação Brasileira dos Produtores e Exportadores de Frutas e Derivados).

Nesse mesmo sentido a Abiec (Associação Brasileira dos Exportadores de Carne) se pronunciou nesta quinta-feira, 21, em nota de repúdio: "Se o CEO Global do Grupo Carrefour, Alexandre Bompard, entende que o Mercosul não é fornecedor à altura do mercado francês – que não é diferente do espanhol, belga, árabe, turco, italiano –, as entidades abaixo assinadas consideram que, se não serve para abastecer o Carrefour no mercado francês, não serve para abastecer o Carrefour em nenhum outro país."

Assinaram a nota a ABIEC (Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carnes), ABPA (Associação Brasileira de Proteína Animal), ABAG (Associação Brasileira do Agronegócio), CNA (Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil), SRB (Sociedade Rural Brasileira) e FIESP (Federação das Indústrias do Estado de São Paulo).

A ABIEC deverá se pronunciar sobre a postura adotada pelos frigoríficos brasileiros, em resposta ao embargo do grupo francês.

Contatado pela coluna Lado Rural, o Carrefour respondeu que vai verificar o tema e retornará assim que possível.

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