Incêndios florestais caem 74% e chuva deve ajudar, mas prevenção segue
Investimento em tecnologia e infraestrutura, além de ações de conscientização, querem prevenir novo avanço
Quase três anos após os incêndios no Pantanal atingirem recordes negativos e chocarem com tristes imagens da destruição causada pelo fogo, o alerta para o avanço de novos focos segue presente em Mato Grosso do Sul antes de julho trazer o início do período de estiagem.
No Estado, as perspectivas são de melhora neste cenário em todas as áreas rurais, com a redução de 74% nas ocorrências no comparativo entre 2021 e 2022. Os dados são do Inpe (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais) e foram apresentados nesta terça-feira (25) durante o seminário estadual de prevenção incêndios e o lançamento da campanha "Fogo zero: o melhor é a prevenção" pela Reflore (Associação Sul-Mato-Grossense de Produtores e Consumidores de Florestas Plantadas).
As fortes chuvas que atingiram o Estado, no ano passado e no início deste ano, serão "ajuda da natureza" para reduzir ainda mais esses números, prevê o titular da Semadesc (Secretaria de Estado de Meio Ambiente, Desenvolvimento, Ciência, Tecnologia e Inovação), Jaime Verruck.
"Por natureza, quando chove muito, os incêndios costumam desacelerar, mas o que aconteceu em 2020 deixou muitas lições de que precisamos investir em prevenção, sim", disse o secretário.
Quanto às ações práticas, Jaime afirmou que o governo vai concluir este ano as adequações de pista de pouso para aeronaves de combate a incêndios no município de Ivinhema, além de construir novas pistas para pousos e decolagens em Água Clara e na propriedade Leilão Leiloboi Fazenda Novo Horizonte, localizada na região da Nhecolândia, no Pantanal de Corumbá. Outra medida será a implantação de novo posto para o Corpo de Bombeiros na região sul do Estado.
O combate e prevenção aos incêndios contarão ainda com suporte de plano do Ministério do Meio Ambiente e Mudança Climática, que anunciou neste sábado (22) a criação de uma nova brigada em Mato Grosso do Sul, dentro da Terra Indígena Kadiwéu, em Corumbá, e a contratação de 171 novos brigadistas para atender as regiões mais afetadas do País, além de outras medidas conjuntas com instituições públicas, entidades do terceiro setor e sociedade civil.
Monitoramento - Seguirá auxiliando no enfrentamento ao fogo a central de monitoramento do Estado, que possui Sala de Situação para controle dos focos de calor no mapa estadual em tempo real.
"Quando um foco de incêndio surge em uma propriedade rural, por exemplo, eles olham no Cadastro Ambiental Rural os dados do proprietário, entram em contato com ele, entendem a situação e avaliam se é necessário acionar a equipe de combate ao fogo ou não", explica ainda Jaime Verruck.
Comandante-geral do Corpo de Bombeiros de Mato Grosso do Sul, envolvido nesse trabalho, o coronel Frederico Reis Pouso Salas reforça que os focos de calor vão continuar sendo monitorados. "A memória negativa de 2020 no Pantanal serve como base para a gente prevenir e combater. Aquele ano, tivemos ápice em focos de calor", completa.
Campanha "Fogo Zero" - Alicerçada num estudo realizado no Paraná, a proposta considera que 92% dos incêndios florestais, aí inclusos diferentes biomas, são causados pela ação humana.
Sendo assim, a meta é a redução por meio da campanha de conscientização, explica o presidente da Reflore, Junior Ramires. "Cada ano a gente tem tido mais informações de que a ação do homem é a principal [causa], infelizmente", confirma.
"Fogo zero" pode ser uma utopia, diz Ramires, mas é preciso continuar atuando. Contar com a chuva e com os dados animadores sobre a redução é bom, "mas não podemos contar sempre com ela, pois existem diferentes ciclos. Temos que prevenir", ele ressalva.
Entre as ações de prevenção promovidas pela associação estarão panfletagem, palestras em escolas e distribuição de peças publicitárias em meios de comunicação. Será feito, ainda, treinamento das brigadas de incêndio.