Onça resgatada no Pantanal de MS é solta em parque argentino
Na época do resgate Jatobazinho foi econtrado com apenas 35 quilos e levado à UFMS
Jatobazinho, a onça-pintada encontrada em 2018, ainda filhote, no Pantanal de Corumbá (428km de Campo Grande), na escola rural Jatobá, foi solta em um parque nacional argentino na sexta-feira (31) como parte de um programa para aumentar o número de exemplares da espécie ameaçada.
Conforme a agência de notícias francesa AFP, foi a oitava onça solta neste ano no Parque Nacional Ibera, mas é o primeiro macho adulto, segundo o grupo ambientalista Rewilding Argentina, responsável pelo projeto.
Quando foi resgatado, o animal, que tem pelo bege com manchas pretas, apareceu pela primeira vez magra, debilitada e com sinais de desidratação pesando apenas 35 quilos, após cruzar a nado o rio Paraguai. No momento da soltura e totalmente recuperado, Jatobazinho estava com cerca de 90 quilos.
O felino passou mais de um ano em um abrigo para animais no Brasil até ser mandado para o centro de reintrodução de onças na província de Corrientes, no nordeste da Argentina, onde a espécie estava extinta há 70 anos.
Sebastian Di Martino, biólogo da Rewilding Argentina, disse que a onça precisa estar bem e relaxada ao deixar o abrigo para ser reintroduzida na natureza. "Se o animal estiver estressado, pode ficar desorientado e ir parar qualquer parte", afirmou.
Ele disse que essas onças foram alimentadas com presas vivas em cativeiro porque precisam aprender a caçar. No parque Ibera, há muita vida silvestre, como veados, para que possam se alimentar.
As onças são rastreadas com um dispositivo de GPS e há planos para soltar uma fêmea nascida no centro de reintrodução. O parque também espera a chegada de três onças selvagens do Paraguai e de outras duas criadas em cativeiro no Uruguai e no Brasil.
Grupos ambientalistas dizem que a população de onças na América do Sul caiu 25% ao longo dos últimos 20 anos, à medida que o desmatamento foi destruindo seu habitat.
Cuidados em MS - Na época do resgate, um dos responsáveis pela captura do animal foi o pesquisador da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul (UFMS), Gediendson Ribeiro de Araújo. Jatobazinho foi levado à UFMS, mas estava em condições tão ruins que Araújo pensou que ele não iria sobreviver à primeira noite. “Ele estava muito magro, com frequência cardíaca muito baixa. Deixamos ele no soro e torcemos para que toda a medicação que nós ministramos fizesse efeito. No outro dia ele já estava esperto. Aí começamos a entrar com alimentação”, disse o pesquisador, em entrevista ao Onçafari, em 2019.
Depois de seis meses no Cras (Centro de Reabilitação de Animais Silvestres), o animal foi levado ao Hospital Veterinário da UFMS para passar por exames e radiografias. Após ser constatado que estava saudável, foi sedado e transportado para o REC (Refúgio Ecológico Caiman), no Pantanal de Miranda, onde fica a base do Projeto.