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Meio Ambiente

Sem UTR concluída, catadores querem liberação de entrada no lixão

Medida seria um improviso para garantir a renda de cooperados da UTR e diminuir impacto ambiental de todo o lixo jogado no aterro enquanto UTR não fica totalmente pronta

Paula Vitorino | 09/01/2013 12:41
Aterro foi inaugurado em dezembro. (Foto: Luciano Muta)
Aterro foi inaugurado em dezembro. (Foto: Luciano Muta)

Em meio ao trabalho no improviso e vendo 99% do lixo de Campo Grande ser jogado diretamente no aterro, os catadores pedem que um grupo tenha permissão para entrar no local, separar o que pode ser reaproveitado, e levar para a UTR (Unidade de Tratamento de Residuos). Os ex-catadores tinham ameaçado invadir o lixão hoje.

“Aquilo lá está quase virando uma montanha de lixo novamente. Oferecemos para entrar com 40 homens lá para pegar o reciclável, mas não aceitaram”, diz o ex-catador e hoje funcionário da cooperativa de reciclagem, Fabio de Castro, 27 anos, catador.

A medida seria uma alternativa temporária enquanto a Usina não fica pronta e funciona adequadamente. Como a UTR não está pronta e não existe esteiras, os catadores só tem acesso aos resíduos que são coletados pelos caminhões de coleta seletiva, o que representa 7 a 8 toneladas – cerca de 1% do total de 780 toneladas de lixo produzidas pela Capital.

“É como jogar um monte de coisa na frente da minha casa e não limpar nunca. Se não tiver ninguém para separar, vai acumular muito lixo lá”, diz a ex-catadora e mulher de um funcionário da cooperativa, Vanessa Feira, de 30 anos.

O certo, e previsto no projeto de fechamento do lixão, é que todo o lixo dos caminhões de coleta da cidade fossem depositados primeiro em esteiras, na UTR, onde os catadores fariam a separação do que é reciclável e só depois o restante iria definitivamente para o aterro.

“Daqui um mês não vai nem existir mais esse buraco de tanto lixo que jogam lá dentro. Eles despejam tudo lá, é um volume muito grande, e com os catadores lá dentro reduziria muito o volume de lixo”, diz o comprador de reciclável, Luiz Henrique Furlan Berrocal.

Social e Ambiental – O superintendente da Funasa (Fundação Nacional de Saúde), Pedro Teruel, diz que a preocupação do depósito quase total no aterro é social e ambiental. “Os trabalhadores ficam sem os materiais para trabalhar e os produtos que poderiam ser reciclados são jogados no aterro”, diz.

A ex-catadora Vanessa Feira defende que os trabalhadores entrem no lixão para separar o material apra garantir a renda dos funcionários. “O material na Usina ainda é pouco e não conseguimos ver o dinheiro ainda. Antes a gente recebia por semana, e agora nada”, diz.

A nova titular eleita pelo prefeito para a Secretaria de Assistência e Cidadania, Thais Helena (PT), disse hoje que fará um cadastro das famílias que tiveram a renda prejudicada será feito e que uma das alternativas será oferecer cursos profissionalizantes para trabalharem em outras áreas.

Ontem Teruel visitou o local e irá elaborar um relatório sobre a visita para encaminhar à Prefeitura e órgãos responsáveis, como Ministério Público e Corregedoria Geral da União.

Ele esclareceu que a Funasa não tem papel de fiscalizar o andamento do serviço, mas que o relatório pode servir de base para os órgãos responsáveis. A Funasa acompanha a situação desde que firmou convênio de R$ 3 milhões com a Prefeitura para serem destinados a 1/3 da construção do aterro e tratamento ambiental do antigo lixão.

O órgão cobrou a administração municipal para que até março apresente a decisão sobre o que fará com o restante de mais de R$ 2 milhões que está em conta e não foi utilizado.

Conclusão do projeto – A Solurb informou que não tem poder para autorizar a entrada dos catadores no aterro porque a licença ambiental proíbe a presença de pessoas no local que não sejam funcionárias da Solurb. Ontem, o prefeito Alcides Bernal (PP) cogitou a possibilidade de permitir a entrada de trabalhadores no local provisoriamente.

A previsão é que a UTR seja concluída em agosto, de acordo com a Prefeitura, que é responsável pelas obras. Em seguida, a Solurb garante que irá equipar a Usina com as esteiras e equipamentos necessários para que separação e destinação final dos resíduos sejam feitas adequadamente.

Já a coleta seletiva na cidade será implantada gradativamente, independente do processo de funcionamento da UTR. Hoje existem três setores da cidade que recebem a coleta. A partir de fevereiro serão quatro.

O encarregado operacional da empresa, Gustavo Pitaluga, ainda afirma que o atraso no funcionamento adequado de todo o sistema não irá diminuir o tempo de vida do aterro, já que ele foi construído para ser utilizado de forma provisória, por 7 anos, prevendo receber o total de 780 toneladas de lixo.

Ainda este ano deve começar a ser construído o aterro permanente, chamado de Ereguaçu, e que terá o tempo de vida de 25 anos.

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