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Na Íntegra

Pantanal em chamas: Ecoa alerta para primeiros ‘deslocados climáticos’

Para instituição, apesar dos avanços na prevenção e combate a incêndios, lição ainda não foi aprendida

Por Gabriela Couto e Glaura Villalba | 03/07/2024 17:27

Os incêndios que já devastaram milhares de hectares e afetaram profundamente a fauna, a flora e as comunidades locais do Pantanal entraram em discussão nesta edição do “Na Íntegra podcast”.

Em entrevista com o Diretor da ONG ambiental Ecoa - Ecologia e Ação, André Luiz Siqueira, foram tratados temas como: origem dos incêndios, as dificuldades no combate e as medidas necessárias para preservar este bioma único. Ele mostrou preocupação com os pantaneiros e a possibilidade de ocorrer os primeiros deslocamentos climáticos.

"Deslocados climáticos são aquelas pessoas que, infelizmente, terão que se mudar da onde cresceram, nasceram, de onde tinham sua ancestralidade, sua relação, seu trabalho, sua empresa, porque os eventos climáticos extremos, a mudança do clima, provocou uma desestruturação daquele ambiente e a pessoa não consegue mais viver ali".

André relembrou as declarações controversas do ex-Ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, em 2020, que atribuiu a culpa do fogo aos grupos vulneráveis como quilombolas e comunidades indígenas.

"O Pantanal tem mais de 95% de áreas privadas, e já foi demonstrado que 70% dos incêndios têm origem nessas propriedades privadas", explicou André.

Ele destacou a importância de ferramentas de monitoramento como as utilizadas pelo Inpe (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais) e outros órgãos estaduais.

André pontuou que fatores climáticos como o fenômeno La Niña e El Niño contribuem para a crise hídrica e os incêndios no Pantanal. "Esses eventos extremos provocam mudanças no clima que resultam em estiagens prolongadas e incêndios devastadores", disse ele. A dificuldade em combater incêndios no ponto de ignição inicial também foi destacada como um fator que agrava a situação.

Educação e Prevenção - Para André, a educação e a conscientização são fundamentais para preservar o Pantanal. Ele argumenta que os sul-mato-grossenses devem aprender mais sobre a história e a importância do Pantanal desde a educação básica.

"Precisamos trabalhar com diferentes grupos sociais que vivem aqui, respeitando suas histórias e modos de vida", afirmou. Ele também ressaltou a importância de um trabalho contínuo de prevenção e combate aos incêndios, ao invés de apenas reagir quando os incêndios já estão fora de controle.

"Campo Grande tem o povo muito mais voltado para São Paulo do que para o Pantanal. É mais comum as pessoas conhecerem Beto Carrero e Disneylândia do que o Pantanal. Eu acho que precisa o sul-mato-grossense ter desde a sua base educacional do ensino fundamental, ensino básico, a história", disse André.

Lições Aprendidas - Apesar dos avanços em planejamento e combate aos incêndios, André acredita que ainda há muito a ser feito. "O Estado e o Governo Federal têm feito um bom trabalho, mas não conseguem vencer as imprevisibilidades do ambiente Pantaneiro", disse ele, que também fez uma reflexão sobre a necessidade de um trabalho de prevenção ao longo do ano todo e de políticas públicas que garantam a proteção do Pantanal.

A entrevista também tocou em temas como a transformação do Pantanal em um ativo sustentável e a necessidade de engajamento da população na proteção deste bioma. "É crucial que todos entendam a riqueza e a importância do Pantanal", concluiu André.

Clique aqui para conhecer mais sobre o trabalho da Ecoa

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