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Economia

Setor pesqueiro enfrenta semana de "consultas" após vídeo de queimadas viralizar

Notícias de incêndios no Pantanal geraram marketing negativo para setor da pesca

Por Gabriela Couto, enviada especial a Corumbá | 30/06/2024 13:35
Barco hotel atracado em margem do Rio Paraguai, próximo a área urbana de Corumbá (Foto: Alex Machado)
Barco hotel atracado em margem do Rio Paraguai, próximo a área urbana de Corumbá (Foto: Alex Machado)

Uma semana após o vídeo da Festa do Banho de São João, em Corumbá, 'viralizar' mostrando a celebração acontecendo de um lado e um incêndio do outro lado da margem do Rio Paraguai, empresários do setor de turismo de pesca receberam dezenas de ligações de quem já tinha comprado pacotes de viagem. Até o momento não houve cancelamentos.

O vice-presidente e relações públicas da Acert (Associação Corumbaense das Empresas Regionais de Turismo), Ademilson Esquivel, 48 anos, afirma que as pessoas ligaram questionando se poderia prejudicar o passeio.

“A repercussão foi muito grande, porque os focos estavam muito próximos da cidade. Mas isso não é nem perto do que aconteceu nos anos de 2020 e 2021. No entanto, a cena do vídeo foi impactante. Tivemos que explicar para muitos clientes que o passeio não é na região que trabalhamos e que o Pantanal é muito grande”, explicou.

Barcos enfileirados no porto geral de Corumbá, à espera de turistas (Foto: Alex Machado)
Barcos enfileirados no porto geral de Corumbá, à espera de turistas (Foto: Alex Machado)

O grupo que representa 19 empresas, que possuem 22 barcos hotéis e empregam mais de mil trabalhadores navega até 320 km de distância de Corumbá, onde as imagens foram feitas.

“Temos algum comprometimento nos primeiros 70 km, mas no lugar que pescamos não tem focos. Claro que isso pode mudar nos próximos meses, mais pra frente, porque é época que o Pantanal está muito seco e há incêndios todos os anos”.

Ele ressaltou que tem sido mais prejudicial as notícias do que propriamente o fogo. “Às vezes a quantidade de informação de incêndio judia da gente, porque gera uma dúvida muito grande no cliente.  Sabemos que existe um dano ambiental, não somos insensíveis pela situação que está ali, mas as notícias como estão saindo, daqui a pouco pode gerar também o impacto social e econômico na cidade. Se a notícia reverberar tanto assim, as pessoas não vão querer vir, elas terão dúvidas”.

Ademilson acrescentou que os barcos estão saindo todos os dias do porto geral da cidade. A partir de hoje eles adotaram a estratégia de fazer vídeos nos locais de pesca e divulgar nas redes sociais, para mostrar que a pescaria está acontecendo normalmente e sem a presença de fogo.

Fumaça dos incêndios no Pantanal são vistas apenas nos 70 km após, Corumbá (Foto: Alex Machado)
Fumaça dos incêndios no Pantanal são vistas apenas nos 70 km após, Corumbá (Foto: Alex Machado)

“Somos um dos maiores municípios do país. A informação de que o Pantanal está pegando fogo acaba sendo um marketing negativo e as pessoas se questionam mesmo. Por isso houve muita consulta. Mas o turismo está rodando normalmente”.

Bruno Miguéis é um dos empresários associados e disse que as reservas são feitas com um ano de antecedência. Recentemente ele teve um prejuízo de quase R$ 1 milhão por conta das enchentes no sul. “Muitos clientes nossos são gaúchos e acabaram cancelando sete pacotes por conta da tragédia no Rio Grande do Sul. Agora estamos tendo que apagar esse ‘fogo no turismo’ e explicar que o Pantanal é grande e que o passeio fica acima da área dos focos”.

A situação foi a mesma com Joice Carla Santana Marques, que recebeu várias ligações com clientes preocupados com a viagem programada. “Eles querem saber se estão indo para onde tem fogo, mas estamos explicando muito bem e conseguimos segurar todos os pacotes reservados até agora. Ficamos chateados porque a queimada de 2020 foi maior e não teve tanta repercussão como essa. Como o foco foi muito urbano, ficou como uma tragédia”.

Barco hotel de luxo com barcos de pesca acoplados na embarcação (Foto: Alex Machado)
Barco hotel de luxo com barcos de pesca acoplados na embarcação (Foto: Alex Machado)

A empresária afirma que está há 32 anos em Corumbá e sempre teve incêndios no Pantanal. “Todo ano tem, o problema é que nunca estamos preparados para combater. Até hoje, são mais de 30 anos aqui e vejo que não se prepararam para apagar o fogo. Teve que ir para a mídia nacional e só depois da desgraça resolvem fazer algo”.

Para quem ligou para Joice teve que entender que houve falta de informação no noticiário. “Isso que traz o desgaste. O empresário tem que estar conversando e explicando que o barco vai até 320 km rio acima e lá o Pantanal está saudável. Os clientes não desistiram até agora, porque confiam no trabalho. Acredito que se houver cancelamento futuramente, será algo pontual”.


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