Seca transforma baía do Pantanal em lamaçal e dizima peixes
Imagens foram gravadas no Porto Amolar, na região de Corumbá; e biólogo diz que fenômeno é sinal de "alerta"
Em meio à seca e aos incêndios que devastam o Pantanal de Mato Grosso do Sul, uma baía inundável próxima ao rio Paraguai, principal bacia do bioma, transformou-se em um imenso lamaçal, o que resultou na morte agonizante de centenas de peixes. A situação alarmante foi registrada pela pesquisadora da ONG Ecoa, Edilaine Arruda, na última quinta-feira (20).
As imagens foram gravadas na área inundável do Porto Amolar, na região de Corumbá, a 428 km da Capital, que secou completamente. No vídeo, é possível ver centenas de peixes lutando pela vida em meio ao lamaçal.
O diretor e biólogo da Ecoa, André Siqueira, explicou que a secagem de lagos é um fenômeno relativamente comum no Pantanal, mas o que preocupa é a precocidade com que está ocorrendo este ano. "O que não é normal é ela acontecer de uma maneira tão precoce, ou seja, tão cedo", afirmou.
Segundo André, a pesquisadora que registrou as imagens é nascida e criada na Serra do Amolar, e destaca que esse comportamento geralmente só é visto a partir de agosto, pois junho e julho marcam o início do período de vazante no Pantanal.
"A Serra do Amolar atua como uma barreira geográfica que retém a água, tornando-se uma das regiões do Pantanal, assim como Taiamã, em Cáceres (MT), mais alagadas permanentemente. A secagem dessas baías de forma tão precoce chama a atenção", explicou Siqueira.
Além do impacto ambiental, a seca precoce das baías traz sérias implicações econômicas e sociais. "Do ponto de vista das atividades econômicas, é um importante alerta. Naquela região, concentram-se centenas de famílias de pescadores profissionais e artesanais, além das famílias ribeirinhas que dependem da pesca e da coleta de isca para sua subsistência. Eles precisam dessas lagoas, dessas baías, para trabalharem", afirmou André.
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