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Política

Lista de compra de votos foi apreendida com funcionário de prefeitura

Investigação da PF aponta envolvimento de pessoas ligadas à atual administração com esquema de compra de votos

Viviane Oliveira | 17/11/2021 11:47
Montagem de fotos que mostra dinheiro encontrado com lista de nome e dados cadastrais, e planfletos localizados no porta-lamas do carro. (Foto: Reprodução)
Montagem de fotos que mostra dinheiro encontrado com lista de nome e dados cadastrais, e planfletos localizados no porta-lamas do carro. (Foto: Reprodução)

Desdobramentos da Operação Mercês, deflagrada pela Polícia Federal no mês passado para apurar participação de servidores públicos e membros do Poder Legislativo em fraude eleitoral, apontam envolvimento de pessoas ligadas à atual administração municipal de Corumbá, distante 419 quilômetros de Campo Grande, com esquema de compra de votos durante a eleição do ano passado.

Conforme apurado pela reportagem, a investigação começou quando a PF (Polícia Federal) abordou, no dia 4 de novembro do ano passado, funcionário comissionado da prefeitura. Ele saía do diretório executivo do PSDB (Partido da Social Democracia Brasileira), onde funcionava o comitê político responsável pela campanha do atual prefeito, Marcelo Iunes.

No Chevrolet Prisma que ele conduzia, foram encontradas cópias de documentos pessoais de pessoas físicas, títulos de eleitores, notas de dinheiro separadas em pequenos maços acompanhado de um papel com a inscrição de alguns nomes. Indagado pela equipe policial, ele disse que era o dono do montante que seria usado para a reforma de sua casa, mas não soube informar a quantia que portava, acreditando que se tratava de R$ 8 a 9 mil.

Na ocasião, também foram localizadas cópias de requisição de exame médico, do dia 29/10/2020, em nome de uma mulher. Também havia solicitação de procedimentos ambulatoriais com pedido para outra pessoa. Documentos, que segundo a investigação, revelam que os investigados trocavam até consultas médicas por votos.

Dinheiro encontrado no bolso do funcionário comissionado que saía do comitê. (Foto: Reprodução) 
Dinheiro encontrado no bolso do funcionário comissionado que saía do comitê. (Foto: Reprodução) 

Ainda conforme apurado pela reportagem, o homem ainda tentou se desfazer do celular enquanto era conduzido para prestar esclarecimentos na sede da Polícia Federal, mas sem sucesso. Em depoimento, ele disse que atuava na campanha à reeleição do atual prefeito, de forma voluntária, ou seja, sem receber remuneração, porém exercia função comissionada na Prefeitura Municipal.

O esquema, conforme apontou a apuração policial, contava ainda com a participação de outros três servidores.  A Operação Mercês teve início a partir da apreensão do material em posse do funcionário, realizada no período eleitoral, além do conteúdo encontrado no aparelho celular dele, depois autorização judicial para conceder a quebra do sigilo telefônico do investigado.

Segundo o site Folha MS, o material revelou que, além da suspeita de esquema de compra de votos direto em favorecimento de aliados do chefe do poder executivo, existem indícios da criação de uma organização criminosa que usa o sistema público de saúde para privilegiar pacientes em busca de tratamento médico, em troca de fidelidade eleitoral aos candidatos que fazem parte de uma base política e atuam em favor do prefeito. A última eleição municipal reelegeu Marcelo Iunes com 42,65% dos votos válidos.

O Campo Grande News procurou a assessoria de imprensa da prefeitura, mas não houve retorno até a publicação do texto.

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