Ministro da Justiça chega em MS sob protestos de fazendeiros e sindicalistas
Ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, chegou em Campo Grande sob protestos. Ele entrou na governadoria há cerca de 15 minutos, onde se reúne com o governador de Mato Grosso do Sul, Reinaldo Azambuja (PSDB), o arcebispo da Capital, Dom Dimas Lara Barbosa, entre outras autoridades, para discutir temas ligados aos conflitos entre produtores rurais e indígenas no Estado.
Um dos grupos de protesto era de servidores do Judiciário Federal, membros do Sindjufe (Sindicato dos Servidores do Poder Judiciário Federal e Ministério Público da União em Mato Grosso do Sul).
Eles carregavam faixas com mensagem em defesa do aumento salarial da categoria. "Servidor é investimento para o serviço público" e "nove anos sem reajuste salarial, não tem acordo!," diziam as mensagens em dois cartazes.
Expectativa - Participaram cerca de 10 servidores. Segundo a servidora Patrícia De Marco, hoje será decidido, no Congresso Nacional, se o veto da presidente Dilma Rousseff (PT) contra o aumento será mantido ou derrubado. Por isso, uma comitiva local foi para Brasília acompanhar a votação.
"O Governo Federal encaminhou proposta de reajuste de 41%, que seriam pagos em 4 anos. Na verdade, não seria um aumento, mas uma recomposição salarial que compensaria esse período de nove anos sem reajustes", explica a servidora.
"Não aceitamos a proposta porque já existe um projeto, que foi aprovado tanto na Câmara, quanto no Senado, com reajuste de 53% para categoria. Estamos recebendo o mesmo salário há 9 anos", alega.
De acordo com a servidora, esse projeto foi encaminhado pelo ministro Lewandowski, que é o presidente do STF (Supremo Tribunal Federal), para aprovação, mas a presidência da República vetou, dizendo que era inconstitucional. "A expectativa é que essa votação ocorra hoje (2) no Congresso", detalha.
Ruralistas - O segundo grupo que protestou na governadoria, na chegada do ministro, era composto de produtores rurais. Nos cartazes do grupo estavam escritas mensagens em apoio à CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) do Cimi (Conselho Indigenista Missionário): "CPI do Cimi, reintegração já!"
De acordo com a produtora rural Mirian Corrêa, da Fazenda Esperança, que fica na cidade de Aquidauana, os produtores já estão sem paciência porque já esperaram muito. "A paciência está acabando, já ouvimos muitas promessas, inclusive do ministro", conta.
Espera - A área dela tem 4 mil hectares e está invadida desde 2013. "No Estado, são 18 anos de invasão, sendo 98 propriedades rurais invadidas. Nós queremos que o Governo Federal, além de parar com as invasões, também entre em contato com os produtores para sabermos se as terras invadidas serão compradas ou não", afirma.
"Somos realmente favoráveis à CPI contra o Cimi porque esse conselho é o braço direito da igreja que ajuda nas invasões", alega. Indício disso, segundo ela, é o fato de que autoridades entregam sacalões de alimento para os índios que moram nas propriedades invadidas.