PT ordena candidaturas nas grandes cidades e Zeca admite disputar na Capital
Ex-governador e ex-deputado federal afirma ter “potencial” para realizar disputa, apesar do momento da legenda
O Diretório Nacional do PT orientou que o partido se organize para disputar as prefeituras das principais cidades brasileiras em 2020 e, em Campo Grande, a deliberação atraiu o interesse do ex-governador e ex-deputado federal Zeca do PT. Atual presidente regional da agremiação, ele disse ter sido convidado e analisa a provocação, confirmando o interesse em concorrer à sucessão do prefeito Marquinhos Trad (PSD). Para tanto, planeja iniciar neste ano a formação da chapa.
“A possibilidade atrai. Se o PT achar que meu nome tem viabilidade eleitoral para a disputa, não recusaria”, afirmou. “Acho que tenho potencial, com toda a humildade, de fazer uma grande disputa como fiz em 1996 e pelo menos dividir essa cidade no meio”, prosseguiu, referindo-se à disputa na qual, por 411 votos, acabou perdendo a disputa para André Puccinelli (MDB).
Zeca foi deputado federal até dezembro de 2018 –elegendo-se quatro anos antes como o mais votado do Estado. No ano passado, porém, concorreu ao Senado, ficando em quinto lugar na disputa, com pouco mais de 294 mil votos, atrás dos vencedores Nelsinho Trad (PTB) e Soraya Thronicke (PSL), de Waldemir Moka (MDB) e Marcelo Miglioli (PSDB).
Embora confirme a disposição em disputar a prefeitura, Zeca afirma que “há outros pré-candidatos com potencial, como (os deputados estaduais) Pedro Kemp e (José) Almi”, e que a decisão deve ser tomada pelo partido. O PT deve encaminhar a discussão e candidaturas ainda neste ano: em setembro serão realizadas as eleições dos diretórios municipais; em outubro, dos estaduais; e em novembro, da nacional.
“O grande desafio que vou fazer, a partir de setembro, no PED (Processo de Eleições Diretas) é para que, até abril, tenha uma chapa de vereadores competitiva, forte, representada por lideranças de fato de vários segmentos”, disse, mirando lideranças comunitárias, de mulheres, assentamentos, movimentos sociais, servidores públicos e profissionais liberais.
A aposta é que, como a eleição não aceitará coligações na eleição proporcional (para vereadores) e só poderão disputar partidos que tenham diretórios instalados –e não comissões provisórias–, agremiações de maior peso terão vantagem na comparação com legendas menores. “Acabou a sem-vergonhice de coligação proporcional”, disparou.
Momento – O projeto político foi ordenado em um momento decisivo para o partido, quando a esquerda brasileira se vê pressionada pelo avanço da direita –o PT tem 55 deputados federais, ante os 70 eleitos em 2014, exatamente um a mais que o PSL do presidente Jair Bolsonaro. Os dois partidos disputam o posto de maior bancada individual, porém, com 84 deputados, o bloco MDB-PP-PTB (de centro) é o maior na casa.
A isso, soma-se o fato de que lideranças petistas –em especial o ex-presidente Lula, que está preso– seguem acuadas tanto pelo desgaste como por problemas com a Justiça. Tais fatos não passam em branco, porém, Zeca acredita no potencial do PT, tanto em um “resgate” das bandeiras histórias do partido como por um desgaste a partir da atual gestão federal, em meio a projetos que, na avaliação do petista, não refletem as necessidades da maioria da população.