Reitora da UFMS diz que Dorsa tinha poderes plenos na direção do HU
Reitora da UFMS (Universidade Federal de Mato Grosso do Sul), Célia Maria Silva Correa Oliveira, foi ouvida na tarde desta segunda-feira pela CPI da Saúde, da Câmara Municipal de Campo Grande, e afirmou que o ex-diretor do HU (Hospital Universitário), José Carlos Dorsa, tinha poderes plenos sobre a gestão da unidade de saúde.
A informação da reitora contraria o que Dorsa disse aos vereadores, durante depoimento na semana passada. Ele relatou que todas as decisões passava pela reitora, a qual negou que isso acontecesse.
Célia disse que Dorsa foi escolha do vice-reitor, João Ricardo Flgueiras Tognini, devido às boas referências como professor da instituição e médico. Ela lembrou que foi formada a lista tríplice, sendo Dorsa o escolhido e comandou o hospital do início de 2009 até o afastamento, em abril deste ano.
A reitora explica que portaria do Ministério do Planejamento, de 2008, permite que o diretor de todos os hospitais universitários sejam os responsáveis pela gestão, não sendo necessário passar pela administração da instituição ou pelo Conselho Universitário. Por isso, justifica, não sabe de tudo o que é feito na unidade de saúde. “Não tenho conhecimento de contratos ou convênios do HU”. “No que se refere à prestação de serviço também existe autonomia do diretor”, diz.
Segundo Célia, as contas do HU estão sendo auditadas por cinco auditores concursados que fazem a fiscalização por amostragem, de acordo com os valores e outras informações. “Não tem condições de fiscalizar todos os papéis. O que a auditoria faz é amostragem”.
Ela disse ainda que de 80 a 90% da receita do hospital é gasta com folha de pagamento e que soube das irregularidades na unidade de saúde pela imprensa. Célia falou também que pediu afastamento de Dorsa dias antes de a Justiça tirá-lo do cargo.
Questionada pelos vereadores do porque não afastou Dorsa sendo que já tinha as gravações telefônicas que apontavam irregularidades, Célia respondeu. “No material que recebi não existia nada que prove que esvaziamos a radioterapia para beneficiar o Siufi. Nosso problema foi falta de servidores. Não existe prova que desmontamos o setor para beneficiar A ou B”. De acordo com ela, nem a Controladoria da União constatou problemas.
Conforme a reitora, o CNEN (Conselho Nacional de Energia Nuclear) determina que haja dois técnicos em radioterapia –que são médicos – em tempo integral, e como não havia efetivo para cumprir a exigência, o setor foi fechado. O HU pagava R$ 3,4 mil por mês ao profissional, que, de acordo com Célia “recebe R$ 15 mil na iniciativa privada”.
CPI - Durante todo o depoimento da reitora, o vice-reitor, do plenário, também dizia alguma coisa. A CPI da Saúde teve início no dia 10 de maio e apura as irregularidades no serviço de oncologia de Campo Grande. Os vereadores têm 90 dias para concluir os trabalhos. Prazo que pode ser prorrogado.
Célia foi a sétima pessoa a ser ouvida. Entre os que já foram sabatinados estão o ex-diretor do HU, a responsável pelo setor de radioterapia do HU, Regina Borges e o atual diretor-presidente do Hospital do Câncer, Carlos Coimbra.
Denúncias – As irregularidades no serviço de oncologia em Campo Grande vieram à tona após investigações do MPF (Ministério Público Federal) – no HU – e do MPE (Ministério Público Estadual) – no Hospital do Câncer. A PF (Polícia Federal) fez devassa nas duas unidades de saúde.
Assim como Dorsa, o ex-diretor presidente do Hospital do Câncer, o médico Adalberto Siufi, também foi afastado do cargo. Ele também não atua mais no corpo clínico.