Renan defende mudar lei da delação e cita Delcídio em conversa gravada
O presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB/AL), defende, em conversa gravada com o ex-presidente da Transpetro (Petrobras Transporte), Sérgio Machado, mudança na delação premiada, impedindo que um preso se torne delator. A delação é um dos pilares da operação Lava Jato, que já contabiliza 30 fases.
Renan e Machado são alvos da operação. De acordo com a Folha de São Paulo, que divulgou o diálogo nesta quarta-feira (dia 25), Machado sugere a Renan um “pacto”para tentar pôr fim à crise política e econômica que seria “passar uma borracha no Brasil”.
Em resposta, Renan diz “antes de passar a borracha, precisa fazer três coisas, que alguns do Supremo [inaudível] fazer. Primeiro, não pode fazer delação premiada preso. Primeira coisa. Porque aí você regulamenta a delação”, afirma.
O ex-senador Delcídio do Amaral (sem partido-MS) também é citado no diálogo. Ele foi preso em novembro de 2015 acusado de tentar obstruir a operação e acabou fazendo delação premiada na Lava Jato. Neste mês, ele teve o mandato cassado após processo no Conselho de Ética do Senado.
Na conversa divulgada, Renan afirma ainda que todos os políticos “estão com medo” da Lava Jato. Ele cita o senador Aécio Neves (PSDB/MG). “Aécio está com medo. [me procurou] 'Renan, queria que você visse para mim esse negócio do Delcídio, se tem mais alguma coisa'", relatou Renan, em referência à delação de Delcídio, que citava o senador tucano.
Renan afirma ainda que uma delação da empreiteira Odebrecht "vai mostrar as contas", segundo o jornal, uma referência à campanha eleitoral de Dilma Rousseff (PT), presidente afastada. Machado assegura que “não escapa ninguém de nenhum partido”. “Do Congresso, se sobrar cinco ou seis, é muito. Governador, nenhum”.
Desculpa – A presidência do Senado divulgou nota pública nesta quarta-feira. “As opiniões do senador, sempre, foram publicamente noticiadas pelos veículos de comunicação, como as críticas ao ex-presidente da Câmara dos Deputados, a possibilidade de alterar a lei de delações para, por exemplo, agravar as penas de delações não confirmadas e as notícias sobre delações de empreiteiras, todas foram, fartamente, veiculadas”
Em relação ao senador Aécio, Renan se desculpa porque se expressou inadequadamente. “Ele se referia a um contato do senador mineiro que expressava indignação – e não medo – com a citação do ex-senador Delcídio do Amaral”
Ainda conforme a nota, os diálogos não revelam, não indicam, nem sugerem qualquer menção ou tentativa de interferir na Lava Jato ou soluções anômalas.