Representantes de MS se unem às trabalhadoras do campo na Marcha das Margaridas
Ministras, deputadas e vereadora da Capital acompanharam o ato que busca avanços em políticas públicas
Na manhã desta quarta-feira (16), representantes de Mato Grosso do Sul juntaram suas vozes às trabalhadoras do campo em um ato em Brasília. A 7ª edição da Marcha das Margaridas trouxe milhares de mulheres agricultoras, indígenas, quilombolas, ribeirinhas, sem-terra, extrativistas, da comunidade LGBTQIA+ e moradoras de centros urbanos para a Esplanada dos Ministérios, onde se uniram em uma demonstração de solidariedade, reivindicação e busca por políticas de apoio.
O evento, que ocorre a cada quatro anos, tem como objetivo central levar as pautas políticas das mulheres do campo, floresta, águas e cidades diretamente ao coração político do país. Sob o lema "Pela Reconstrução do Brasil e pelo Bem Viver", a marcha ganha ainda mais relevância em um momento de desafios e transformações na sociedade.
Coordenada pela Contag (Confederação Nacional dos Trabalhadores na Agricultura), federações e sindicatos filiados, juntamente com 16 organizações parceiras, a marcha destaca a diversidade e a força das mulheres brasileiras que trabalham e vivem em diferentes realidades.
Entre as representantes de Mato Grosso do Sul que marcaram presença no evento estavam a ministra das Mulheres, Cida Gonçalves; a ministra Simone Tebet; a deputada federal Camila Jara; a deputada estadual Gleice Jane e a vereadora de Campo Grande Luiza Ribeiro. Juntas, elas simbolizam o compromisso do Estado com a igualdade de gênero e os direitos das mulheres.
No fim da caminhada, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) anunciou medidas de apoio às trabalhadoras rurais. Entre as ações destacadas, o presidente assinou decreto que institui o Pacto Nacional de Prevenção aos Feminicídios, que tem como objetivo prevenir todas as formas de discriminações, misoginia e violências de gênero contra as mulheres. Entre as ações previstas está a entrega de 270 unidades móveis para acolhimento e orientação às mulheres, mais 10 carros, em que a metade servirá para locomoção das equipes e a outra parte para transportar equipamentos de atendimento às usuárias. Além disso, serão destinados barcos e lanchas para regiões com necessidade de implementação do serviço fluvial.
Em suas palavras, o presidente Lula enfatizou a necessidade de uma mudança cultural para erradicar a discriminação e a violência de gênero. "É preciso criar uma cultura de respeito no campo e nas cidades. Não toleramos mais discriminação, misoginia e violência de gênero. Não podemos conviver com tantas mulheres sendo agredidas e mortas diariamente dentro de suas casas", destacou Lula.
Cida Gonçalves, ministra das Mulheres, também fez questão de lembrar as lutas pela democracia e a resistência das mulheres. "Nós estamos aqui porque nós não paramos. Nós estamos aqui porque nós lutamos, nós resistimos e nós garantimos durante todos esses anos que, de fato, a democracia voltasse. Nós não aceitamos que nos matassem. Nós não aceitamos o ódio, não aceitamos vingança. Durante esses anos todos, fomos nós mulheres que resistimos", afirmou.
Símbolo de Resistência e Luta - A Marcha das Margaridas, realizada desde o ano 2000, é uma poderosa homenagem a Margarida Maria Alves, ex-presidente do Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Alagoa Grande, Paraíba. Margarida foi assassinada em 12 de agosto de 1983 devido à sua incansável defesa dos direitos dos trabalhadores rurais. Seu nome tornou-se um ícone de resistência, simbolizando a luta por justiça e dignidade. Embora latifundiários da região sejam suspeitos do crime, os responsáveis pelo homicídio ainda não foram condenados, deixando o caso sem solução.
O legado de Margarida Maria Alves transcendeu as fronteiras nacionais, chegando à Comissão Interamericana de Direitos Humanos da Organização dos Estados Americanos (OEA). Em abril de 2020, a comissão concluiu que o Estado brasileiro é responsável pela violação dos direitos à vida, integridade pessoal, proteção e garantias judiciais de Margarida Alves. O relatório também apresenta recomendações importantes ao Estado brasileiro, incluindo a reparação integral dos familiares da vítima, a realização de uma investigação efetiva para esclarecer os fatos e o fortalecimento do Programa de Proteção a Defensores de Direitos Humanos, com foco na prevenção de atos de violência.
A Marcha das Margaridas não apenas honra a memória de Margarida Maria Alves, mas também continua a ser um espaço de luta, reivindicação e solidariedade, inspirando milhares de homens e mulheres a seguirem adiante na busca por justiça, igualdade e dignidade para todos.
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