Trabalho de pós graduação mostra drama de idoso sem aposentadoria
Para chamar a atenção ao que considera injustiça, idoso se veste de ‘placa’ à espera de aposentadoria do INSS####
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O drama de um idoso que tenta obter uma pensão da Previdência Social, que motivou reportagem do Campo Grande News e matérias em outros veículos de comunicação, foi o tema de reportagem de jornalistas da turma de pós graduação da Faculdade Estácio de Sá.
A reportagem, em texto e vídeo, foi produzida por Barbara Ferragini, Beatriz Longhini, Laura Contar, Nayara Rosa, Paulo Victor e Rosileny Ribeiro. Leia reportagem e assista ao vídeo:
Um idoso com uma placa pendurada ao corpo com a mensagem: “Preciso de ajuda! Estou muito doente, estou morrendo” chama a atenção das pessoas que passam todos os dias próximo ao Instituto Nacional do Seguro Social (INSS), na Rua 26 de Agosto, em Campo Grande/MS.
Os que nunca o notaram não imaginam a história que Evanor Antônio Cols, de 63 anos, tem para contar. Ele afirma que desde os 8 anos trabalha na roça, e por isso, teria adquirido uma doença grave causada pelos agrotóxicos.
Desde 2007, quando entrou com o pedido de aposentadoria, Evanor faz tratamento médico, mas até hoje o INSS não deferiu o pedido.
Em forma de protesto, ele se desloca todos os dias até a sede do órgão para chamar a atenção das autoridades e das pessoas que por lá passam, na ânsia de ter o pedido do seguro do INSS autorizado e, receber a ajuda em dinheiro que, segundo ele, lhe garante a sobrevivência. “Estou vivendo de ajuda. Não queria passar por isso, mas não tem outro jeito”, lamentou o idoso.
O caso de Evanor é um dentre milhares que o INSS recebe todos os dias e que ninguém fica sabendo ou nem nota, mesmo que a pessoa pendure uma placa. É a realidade brasileira que deve piorar com o passar dos anos.
Com a história de Evanor, surge a seguinte dúvida: Você, leitor, tem algum plano para se sustentar quando ficar sem trabalho, for impossibilitado por conta de uma eventualidade - como, por exemplo, uma doença-, ou até mesmo quando a velhice chegar e não tiver uma aposentadoria e/ou ela não ser suficiente?
Pesquisas - Várias pesquisas destacam o envelhecimento precoce e rápido do Brasil. Um deles, o documento "Envelhecendo em um Brasil mais velho", elaborado pelo Banco Internacional para a Reconstrução e o Desenvolvimento (BIRD), informa que a população idosa no país, que hoje corresponde a 11% da população em idade ativa, será em 2050, de 49%.
O estudo também revela que, por volta de 2020, a população em ‘idade de trabalhar’ deve começar a cair, e todo o crescimento populacional brasileiro se dará pelo aumento dos idosos.
A projeção do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) é a de que em 2050, o número de idosos, que hoje é de 21 milhões, chegará a 63 milhões.
Aposentadoria com saúde - Em entrevista a nossa reportagem, o ministro da Previdência Social, Garibaldi Alves Filho, reforçou a ‘dica’ de que quanto mais cedo os brasileiros começarem a planejar o futuro, mais tranquila será a velhice.
“As pesquisas comprovam que essa profunda mudança demográfica traz consequências e a sociedade deve se preparar. Para a Previdência Social as consequências são óbvias, teremos um grande aumento com benefícios e, isso, trará enormes desafios para os sistemas públicos e privados e, principalmente, aumentarão as despesas com saúde,” relata o ministro.
Garibaldi pontua que considerando que a maioria dos planos de saúde (mais de 70%) é custeada essencialmente por empresas, o funcionário ao se aposentar, como regra geral, perde o benefício. “E, como vimos, é justamente nesta fase da vida que as pessoas mais gastam e utilizam serviços de saúde, além de terem sua renda diminuída. Por isso, é imprescindível que as pessoas comecem a planejar o seu futuro”, completa.
O advogado Jackie Sodero Toledo, superintendente de Assuntos Jurídicos da Fundação João Paulo II, ressalta que essa transição demográfica [de que o Brasil está envelhecendo] ocorre de forma acelerada e, com isso, é necessário que os cidadãos junto com os Governos Municipal, Estadual e Federal tomem medidas drásticas para se adaptarem a esse processo e garantirem um futuro melhor.
“Quanto mais tardarem, mais draconianas [rigorosas] serão as dificuldades a serem enfrentadas. É urgente que a sociedade ‘se debruce’ sobre este desafio e busque soluções sustentáveis para a nova realidade que atingirá a todos,” destacou Sodero.
Enfim, começar a planejar o futuro e uma velhice tranquila demanda colocar em prática no dia-a-dia atitudes simples como, por exemplo, ter uma alimentação saudável para conter a ‘onda’ de obesidade e diversas doenças que dela se originam, praticar uma caminhada ou outro esporte da sua preferência e aprender a poupar dinheiro para que ao se aposentar tenham um recurso extra para suprir seus desejos e necessidades.
Reportagem: Barbara Ferragini, Beatriz Longhini, Laura Contar, Nayara Rosa, Paulo Victor e Rosileny Ribeiro