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No Vale do Mosela, dicas de 4 dias para quando a pandemia deixar

Paulo Nonato de Souza | 03/11/2020 07:38
No Vale do Mosela, às margens do rio Mosela, os encantos já começam pela arquitetura das cidades da região (Foto: Reprodução)
No Vale do Mosela, às margens do rio Mosela, os encantos já começam pela arquitetura das cidades da região (Foto: Reprodução)

Você conhece o Vale do Mosela? É uma região no sudoeste da Alemanha com 544 km de extensão a partir da nascente do rio Mosela (Mosel, em alemão) e uma tradição de mais de 2 mil anos na produção dos melhores vinhos brancos do mundo. São centenas de cidades e vilarejos, mais de 5 mil viticultores e mais de 70 milhões de videiras.

O Vale do Mosela é uma boa alternativa de roteiro de viagem para quando a pandemia passar e a vida voltar à normalidade. Se você decidir realizar o roteiro e optar por programar a sua viagem para entrar na Alemanha por Frankfurt, o ideal será iniciar o passeio pela cidade de Koblenz, que fica na confluência do rio Reno com o rio Mosela. São 156 km de belezas naturais e construções milenares até Trier, uma das mais antigas cidades alemãs, fundada pelos romanos há 2 mil anos.

A região atende as mais diversas preferências. “Cheguei lá com a informação de que se tratava de um passeio romântico, por conta da produção de vinhos, mas é muito mais do que isso. Tem muita história, muita natureza e muita gente fazendo caminhada de uma ponta a outra, desde Koblenz a Trier”, disse o campo-grandense Fernando Henrique de Almeida, que esteve no Vale do Mosela no verão europeu de 2019.

Acostumada a viajar nas férias de verão como mochileira, a alemã Rebecca Steinmann, que em 2010 fez intercâmbio em Campo Grande, este ano, sem poder sair da Alemanha por conta da pandemia de coronavírus, ela optou por fazer caminhada pelo Vale do Mosela na companhia da sua mãe Korinna Steinmann.

“Para nós a viagem foi por trilhas e chegou ao fim após 10 dias e cerca de 170 km desde a nossa saída em Koblenz. Quando chegamos em Trier a alegria de ter chegado era grande, mas ao mesmo tempo queríamos continuar caminhando e a ideia de pegar o trem para casa no dia seguinte não foi muito legal”, disse Rebecca.

Trier é a cidade mais antiga da Alemanha. "Portanto, oferece muitas possibilidades. Nosso hotel ficava ao lado da Porta Nigra (Portão Negro, em português), uma obra feita pelos romanos há 1819 anos”, ressaltou ela.

A alemã Rebecca, que em 2010 fez intercâmbio em Campo Grande, descansa em um jardim de telhada em Traben-Trarbach (Foto: Arquivo pessoal)
A alemã Rebecca, que em 2010 fez intercâmbio em Campo Grande, descansa em um jardim de telhada em Traben-Trarbach (Foto: Arquivo pessoal)
A senhora Korinna Steinmann, mãe de Rebecca, foi quem deu os primeiros passos na caminhada desde Koblenz para Trier (Foto: Arquivo pessoal)
A senhora Korinna Steinmann, mãe de Rebecca, foi quem deu os primeiros passos na caminhada desde Koblenz para Trier (Foto: Arquivo pessoal)

O passeio pelo Vale do Mosela faz você se sentir em um cenário de filmes sobre a Idade Média, só que ambientado no Século 21, e uma característica especial da região são as muitas encostas íngremes em que as videiras crescem.

“Muitos dos lugares menores pelos quais passamos também são bonitos. Existem muitas adegas tradicionais, muito vinho cultivado ao longo do Mosela e a variedade de uva mais comum é a Riesling. São muitas pequenas vielas e casas em arquitetura enxaimel, mas acima de tudo, gente simpática, boa comida e vinhos deliciosos”, comentou Rebecca.

O Castelo de Eltz, lar da família Eltz no Século XII, que ainda hoje pertence a um mesmo ramo da primeira geração dos Eltz (Foto: Arquivo pessoal)
O Castelo de Eltz, lar da família Eltz no Século XII, que ainda hoje pertence a um mesmo ramo da primeira geração dos Eltz (Foto: Arquivo pessoal)

Na passagem por Burg Eltz, elas tentaram conhecer o Castelo Eltz, uma construção medieval situada nas colinas acima do rio Mosela, que ainda pertence a um ramo da mesma família (a família Eltz ) que lá viveu no Século XII, mas desistiram.

"O castelo sobreviveu a todas as guerras e ainda é propriedade da mesma família, mas as pessoas ficam na fila por 2 horas apenas para ver o castelo. Isso e completamente insano", frisou Rebecca Steinmann.

Ela contou ao Campo Grande News que a experiência de fazer a pé o trajeto entre Koblenz e Trier foi inesquecível e que mal pode esperar para começar tudo de novo em 2021. Se você não quiser seguir o exemplo da Rebecca e explorar o Vale do Mosela em uma cansativa, porém, enriquecedora caminhada, pode optar por ir de carro, de trem ou revezar a viagem em barcos pelos rios Reno e Mosela.

Em Trier, uma das atrações é o Portão Negro, uma obra feita pelos romanos há 1819 anos (Foto: Reprodução)
Em Trier, uma das atrações é o Portão Negro, uma obra feita pelos romanos há 1819 anos (Foto: Reprodução)

Confira abaixo as dicas de quatro dias de passeio pelo Vale do Mosela a partir de Koblenz até Trier: 

1° Dia: Koblenz 

Um dos atrativos da cidade de 2 mil anos é o centro histórico do antigo posto militar romano com suas ruelas, pracinhas e prédios restaurados. Koblenz abriga muita história dos séculos 1° ao 5°, passando pelas Cruzadas na Idade Média, pelo período prussiano e pela Segunda Guerra Mundial.

O centro histórico de Koblenz também abriga o famoso Deutsches Eck, uma ponta artificial de terra instalada pelos romanos na confluência entre os rios Reno e Mosela. Com a imponente estátua equestre do imperador alemão e rei prussiano Guilherme 1°, o Deutsches Eck é o símbolo de Koblenz e faz parte do Vale do Alto Médio Reno como Patrimônio Mundial da Humanidade.

2° Dia: Cochem e Burg Eltz 

Você terá percorrido os primeiros 100 quilômetros de rio a partir de Koblenz. É o trecho mais sinuoso e mais espetacular devido às suas encostas altas, íngremes e estreitas, com parreiras voltadas para Sul e Oeste e distribuídas em pequenas parcelas de terreno.

Perto de Cochem, na localidade de Bremm, o Calmont é o vinhedo mais íngreme da Europa, com 380 metros de altura e uma inclinação de até 68 graus. As encostas são tão íngremes que as parreiras precisam ser apoiadas com postes e arames, enquanto a sua poda e colheita são feitas com a ajuda de guindastes. Cochem é um dos lugares mais conhecidos do Vale do Mosela.

O símbolo e principal atração da cidade é o Castelo Reichsburg, situado sobre uma colina a cem metros do rio. A construção original data de 1056, mas foi destruído em 1689 e reconstruído no século 19.

Em Burg Eltz, a 20 km de Cochem, o Castelo Burg Eltz é uma construção do Século 12 e uma das poucas fortificações que sobreviveram às destruições ordenadas pelo rei francês Luís 14 na segunda metade do século 17. Como uma espécie de castelo-modelo, ele estampou a antiga nota de 500 marcos durante muitos anos.

3° Dia: Bernkastel-Kues, Alf, Bullay, Traben-Trarbach

São muitos atrativos no percurso entre Cochem e Bernkastel-Kues, várias cidades e atrações que valem a pena conhecer. Em Alf, por exemplo, o castelo medieval Burg Arras é hoje um hotel com restaurante e museu sobre a cultura da região, sem falar da vista espetacular.

Em Bullay, vilarejo em próximo a Alf, as ruelas enviesadas e as antigas casas em enxaimel convidam a um passeio e a provar as especialidades da região numa das muitas adegas caseiras improvisadas típicas do Vale do Mosela.

Também tem Traben-Trarbach, uma cidade conhecida por suas termas e por suas adegas subterrâneas, e que no Século 19 foi um dos principais terminais de traslado de vinho da Europa.

Em Bernkastel-Kues, a cerca de 50 km de Trier, o visitante se sente em outra época ao visitar a praça central Marktplatz com seus edifícios em enxaimel, como a estreita casa Spitzhäuschen, de 1416. Por sua oferta hoteleira e gastronômica, Bernkastel-Kues, situada às margens do Mosela, é uma boa opção de pernoite em seu tour pelo Mosela.

4° Dia: Trier

A cidade de Trier é um dos poucos lugares fora da Itália onde é possível encontrar tantos prédios de origem romana. No Século 4°, foi a segunda maior cidade do Império Romano no Ocidente.

Fundada em 15 a.C., Trier passou rapidamente de posto militar à residência de imperadores romanos. Como testemunho dessa época, a Porta Nigra (Portão Negro), uma fortificação romana preservada que lembra um palacete.

Na praça Hauptmarkt a atração é uma estátua de bronze de 5,5 metros de altura do filósofo Karl Marx, presente do governo chinês, inaugurada em maio de 2018 em homenagem ao aniversário de 200 anos do filho mais famoso de Trier. A cidade preserva para visitas a casa onde ele nasceu, na rua Brückenstrasse n° 10. No local funciona o Museum Karl-Marx-Haus.

Trier é conhecida como a Segunda Roma. A Konstantinbasilika, antiga sala de audiências do imperador Constantino, é prova do poder do Império Romano. A presença romana na cidade ainda tem o anfiteatro (Amphitheater), as ruínas das termas Kaiserthermen e Barbarathermen, a coluna sepulcral Igeler Säule e a ponte sobre o rio Mosela Römerbrücke, a mais antiga da Alemanha, construída originalmente no século 1°.

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