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Viajar de avião é mais seguro do que fazer compra no mercado

Paulo Nonato de Souza | 24/10/2020 08:22
Voo da companhia aérea americana Southwest Airlines sem a utilização da poltrona da fileira do meio (Foto: Divulgação/Kyle Arnold)
Voo da companhia aérea americana Southwest Airlines sem a utilização da poltrona da fileira do meio (Foto: Divulgação/Kyle Arnold)

Com fileiras de poltronas ligadas uma na outra e passageiros agitados e impacientes se aglomerando para retirar a mala de mão no bagageiro de bordo, viajar de avião pode parecer arriscado durante a pandemia do novo coronavírus. Mas um relatório divulgado este mês pela Associação Internacional de Transporte Aéreo (Iata) revela que 1,2 bilhão de pessoas viajaram de avião entre janeiro e setembro de 2020 e somente 44 casos de Covid-19 associados à viagem foram registrados.

“O risco de um passageiro contrair a Covid-19 num voo parece muito baixo”, avalia David Powell, conselheiro médico da Iata. Segundo ele, os 44 casos potenciais identificados entre 1,2 bilhão de viajantes representam um caso para cada 27 milhões de viajantes.

Mas, a que se devem esses números tão otimistas? O comportamento de muitos passageiros desde o saguão, passando pela sala de embarque, sem o recomendado distanciamento, indica o contrário.

Talvez porque as companhias aéreas passaram a investir mais e a dedicar mais tempo na higienização das aeronaves, conforme o novo padrão de excelência. No Brasil a companhia aérea Azul, por exemplo, em setembro anunciou o uso de um sistema de raio ultravioleta fabricado pela empresa americana Honeywell para higienizar o interior dos seus aviões. Diz que a luz ultravioleta tem alto nível de eficiência para matar bactérias e vírus, incluindo o coronavírus.

Já a Gol e a Latam adotaram um sistema de filtros HEPA (High Efficiency Particulate Air) que faz a recirculação de ar para renovar o ar no interior do avião a cada três minutos. Promete a remoção de 99,97% de partículas microscópicas, como bactérias e vírus.

A Organização Mundial da Saúde avalia como “muito baixo” o risco de a Covid-19 se disseminar em voos, mas ressalta que isso não pode ser descartado. “O risco pode ser baixo, mas a transmissão em voo é possível, dado o volume de viajantes e o número pequeno de relatos de casos. Não significa, porém, que não acontece”, afirmou a OMS em comunicado divulgado esta semana.

Sobre o relatório da Iata, tanto a OMS quanto outras instituições importantes, como o Departamento de Defesa dos Estados Unidos, usaram da expressão “risco baixo”, sem descartar possibilidade de contágio. Já as americanas Southwest Airlines, uma das poucas empresas aéreas do mundo a retirar o assento na fileira do meio, e a United Airlines, foram mais diretas ao anunciar que o risco é “virtualmente inexistente”.

No início deste mês a campo-grandense Maria Cristina Santos, tributarista de 27 anos, encarou uma viagem para o Rio de Janeiro que, segundo ela, estava prevista para acontecer no mês de maio e por conta da pandemia foi transferida para agosto e depois remarcada para o feriado do Dia de Nossa Aparecida, 12 de outubro.

Em seu relato para o Campo Grande News, Maria Cristina contou que foi surpreendida ao ver que, em sua primeira viagem de avião depois de sete meses, nada ou quase nada mudou.

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