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A necessidade de Mulheres Insurgentes e Propositivas

Roberta Cantarela (*) | 06/04/2023 08:30

A terceira edição do evento #8M UnB 2023, organizado pela Coordenação da Mulheres (Codim) da Secretaria de Direitos Humanos (SDH) da Universidade de Brasília, realizado durante todo o mês de março, contou com a participação de brilhantes mulheres, desde a construção da agenda e durante toda sua programação.

A abertura do evento, realizada no dia 09/03, contou com a participação das nossas ilustres reitoras das três maiores instituições de ensino superior de Brasília, a magnífica reitora da UnB, professora Márcia Abrahão, magnífica reitora do IFB, professora Luciana Massukato e magnífica reitora da UnDF, professora Simone Pereira Costa Benck. Também com a presenças das secretárias sra. Giselle Ferreira de Oliveira, secretária das Mulheres do GDF e sra. Hélvia Miridan Paranaguá Fraga, secretária da Educação do GDF, a profa. Mercedes Bustamante, presidenta da Capes. As parcerias dentro do DF são necessárias e urgentes.

Com a temática #8M 2023 – Mulheres na Universidade: Insurgentes e Propositivas, o mês de março termina e outro mês se inicia com a marca do aumento dos feminicídios em Brasília de 350%, comparado ao mesmo período do ano passado. Isso demonstra a obrigação imediata de que toda a sociedade, brasiliense e brasileira deve agir no enfrentamento à violência de gênero.

E nós, como mulheres na universidade, insurgentes e propositivas precisamos estar no cerne desta luta. A criação da Secretaria de Direitos Humanos em 2022, onde ficou alocada a Coordenação das Mulheres, criada em 2013, há quase dez anos, é um exemplo de proposição, que a atual gestão da reitora profa. Márcia Abrahão implementou e que mostra a UnB atuante e que exemplifica como a UnB tem ocupado o seu espaço nas lutas pelos direitos humanos, em evidência às mulheres.

Uma demonstração dessa atenção é a aprovação da Política de Assédio neste mês de março. E ainda temos em análise mais políticas, em especial ao enfrentamento à violência de gênero na UnB, proposta entregue para a reitora em 2022.

E para encerrar o mês de março foi realizada uma mesa solene com a reitora Márcia Abrahão, a ministra das Mulheres, Aparecida Gonçalves, da secretária de Direitos Humanos da UnB, Deborah Santos, da decana de Extensão, Olgamir Amancia, profa. Ela Wiecko Volkmer, NEPeM/UnB e Rhaiza Moreira de Carvalho, diretora das Mulheres do DCE.

As falas da última mesa do #8M 2023 representam as lutas das mulheres de forma diversas, mas tão convergentes. Entre tantos discursos, a ministra das Mulheres, Aparecida Gonçalves, sinaliza o momento que vivemos, a exigência de um debate sobre a misoginia.

A ministra declara que precisamos discutir com este país o ódio contra as mulheres, que precisamos colocar isso no centro do debate. Aparecida Gonçalves pontua as violências no âmbito político, o que fica evidente no assassinato de Mariele Franco e tantas outras violências contra as mulheres na política e também na área jornalística.

Antes de nos matar, eles querem nos calar. Esta é a reflexão, por isso é imprescindível discutir sobre a misoginia, e uma das necessidades é um trabalho em rede, Secretarias, Universidades, Ministérios, Coletivos e demais parceiros na luta contra as violências em relação de gênero e demais violências contra qualquer minoria.

E hoje, o dia em que escrevo este texto, mais uma mulher foi assassinada a facadas pelo seu companheiro no entorno de Brasília e também no mesmo dia foi noticiado nas mídias locais a criação de um canal exclusivo de atendimento às mulheres vítimas de violência no DF – número 129, opção 2. Precisamos agir, não podemos deixar ninguém mais nos calar, nos matar... deixar filhos sem mães. Só no DF são quase 300 órfãos de feminicídios nos últimos anos.

Nesses embates há dor, há silenciamentos, há violências, mas essas dores se perderam à luz das lutas das mulheres por dias que virão e permanecerão, dias sem medos...

(*) Roberta Cantarela é docente do Programa de Pós-Graduação em Literatura do Instituto de Letras, da UnB.

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