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Como driblar o impacto da inflação

Ione Amorim | 10/04/2016 11:37

A inflação em 2015 foi de 10,67 do IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo), a maior alta desde 2002. O índice que mede a variação dos preços dos alimentos e serviços aos consumidores foi impulsionado principalmente pelo aumento de preço dos alimentos. Em abril, o reajuste autorizado para os medicamentos para 2016 foi de 12,5%, o maior nos últimos cinco anos.

O cenário da crise econômica é severo e com altos índices de desemprego e inflação, que impõe ao consumidor a adoção de uma disciplina rigorosa na administração da renda e nos cuidados com os gastos. O aumento desordenado e constante dos preços de produtos e serviços compromete as condições de escolha na hora da compra e reduz o poder aquisitivo dos consumidores.

Para driblar uma parte considerável desses aumentos, os consumidores devem pesquisar os preços em vários estabelecimentos para cada segmento de produtos de consumo, como é o caso dos alimentos e medicamentos. No caso dos serviços, é importante avaliar os contratos e observar se há margens para renegociação de preço, redução de consumo ou, por exemplo, se o serviço é prestado por uma empresa concorrente que pode oferecer um preço mais baixo.

Antes de ir às compras de qualquer produto é importante pesquisar os preços previamente no sites das empresas que oferecem os itens. Quem tem hábito de fazer as compras com regularidade nos supermercados já possui alguma noção de preço, porém, com reajustes frequentes essa referência pode se perder. Portanto, programe-se: prepare uma lista e avalie os produtos que estão em promoção.

No supermercado, a pressa é inimiga da economia. Dedique um tempo para observar a variação dos preços anunciados como oferta em um dia específico da semana, porque as promoções não costumam ser feitas em todos os produtos. Algumas delas, inclusive, são feitas apenas para atrair o consumidor. Nesse caso, vale a pena somar os preços do que pretende comprar e comparar a lista em dois ou três supermercados.

Avaliar a diferença de preço de um produto com diferentes tamanhos de embalagens podem gerar economia também. Às vezes, a embalagem econômica é mais cara do que convencionais porque o tamanho da embalagem afeta o preço por unidade de medida. Além disso, alguns produtos pode perder as características se não forem consumidos em determinado tempo. Nesse caso, avalie o risco de desperdício, que também é uma forma de aumento de gastos.

Para os produtos processados e de limpeza, as compras podem ser planejadas de acordo com a embalagem com o menor preço por unidade de medida, respeitando as condições de preservação dos produtos, como prazo de validade superior a 60 dias e características depois de abertos. Isso vale para material de limpeza, cereais, azeite, achocolatados, entre outros.

Nas feiras livres, sacolões e setor de hortifrúti, acompanhe as informações sobre os produtos mais afetados pelas condições climáticas e fora de época, que são mais expostas a alterações de preços. Substitua por produtos similares. Se for preciso, altere o cardápio de acordo com os produtos de maior disponibilidade na época e oferta, e pechinche os preços.

Levar uma calculadora ou utilizar o recurso do celular ajuda a definir a escolha mais econômica, a estabelecer o limite de gastos e a comparar com os preços registrados no caixa. É muito frequente a diferença de preço identificado na prateleira e no registro do caixa. Propositais ou não, esses erros acabam passando desapercebidos porque o consumidor não confere ou não lembra do valor no momento da escolha. Essa diferença pode ser surpreendente.

Na compra de medicamentos, pesquise os preços nos sites de busca e consulte as drogarias e farmácias. Também observe os descontos oferecidos pelos programas de fidelidade das farmácias. No caso de medicamentos de uso contínuo, acompanhe os descontos oferecidos pelos planos de saúde. Compare o preço do medicamento de marca e os produtos genéricos, que possuem a mesma equivalência farmacêutica e preços inferiores.

Os medicamentos para algumas doenças crônicas como diabetes e hipertensão, são comercializados através dos programas de saúde pública de governo de farmácia popular com descontos de até 90%. Entres eles, é possível ter acesso a medicamentos gratuitamente nos postos de saúdes e unidade básica de saúde.

Se o orçamento ficou fora de controle e pressionado pelos aumentos dos preços com alugueis, condomínio, entre serviços com menor flexibilidade de mudança ou redução de preços, procure fazer reduções onde possui alternativas, como alimentação fora de casa e lazer.

Porém, não transforme o seu combate à inflação em um processo de isolamento e flagelo. Aproveite o momento e explore a sua criatividade. Descubra sua habilidade na cozinha, convide os amigos e familiares, promova encontros colaborativos e reuniões em casa. Além de reduzir as despesas, todos contribuem, se divertem e não fica caro para ninguém.

*Ione Amorim é economista e membro do IDEC (Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor)

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