Coragem!
Estava gostando da sequência festiva do final de ano quando as contas e cobranças começaram a chegar, já nos primeiros dias do ano. Um contraste inevitável entre o tão gostoso Bom Princípio de Ano desejado à mãos cheias e a rigidez das obrigações inadiáveis que a maioria enfrentamos. E o pior, quase sempre de mãos vazias. Mas, reflito agora, antes assim do que com o coração vazio, o que é muito mais grave em qualquer ocasião.
Digo assim, porque tive a felicidade de ver a sentença que foi promulgada nesse inicio de ano de 2018 por um inspirado juiz que optou em atender prioritariamente aos valores intangíveis do coração humano. Assim se expressou ele:
“É hora de extinguir, sem resolução do mérito, artigos processuais de desencantos;
De reconhecer ex-oficio a prescrição de velhos problemas;
De arquivar o que já foi resolvido, dando-lhe justo lugar na história;
De indeferir pensamentos negativos, deferir abraços e votos de felicidade.”
E determinou: “Distribuir”.
De minha parte, acatei como manda a lei. Fiquei feliz e divulgo a sentença final com a devida anuência do editor deste espaço público. Acrescento aos leitores, entretanto, um alerta e uma esperança.
Diante de tantas perspectivas que observo por aí, da enorme ansiedade dos brasileiros que batalham a vida toda para ter uma existência digna mas são vencidos pela indignidade, pela desonestidade, pela incúria, pelo mau exemplo dos superiores, pelas pesadas burocracias e cobranças impostas, ressalvo uma lembrança. É, antes, um aviso protetor do nosso jeito de ser tão badalado.
Quero lembrar a todos que não se desesperem, que não pensem que está tudo perdido, que tenham esperança. Sim, basta fazer pequenas contas e nem precisam se angustiar com as esquecidas fórmulas de cálculo integral para se obter a feliz resultante. Vejam que beleza (esse é o nome do autor – Dr. Beleza* - desta lembrança final):
“Amigos, daqui 40 dias é Carnaval, depois, mais 40 e já é Páscoa, daí, mais 60 dias é a Copa, depois de 120 dias é eleição e depois de mais 60 dias já é Reveillon de novo”.
Que cálculo integral, que nada, gente. Vamos lá. Coragem!
Ô, ô... skindô... skindô...!
(*) Francisco Habermann é professor da Faculdade de Mediina da Unesp de Botucatu (FMB). Contato: fhaber@uol.com.br.
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