Inovação e sustentabilidade são os desafios para Dilma
O desenvolvimento científico no Brasil atingiu um novo estágio na primeira década do século XXI. O governo do presidente Lula realizou mudanças estruturais no sistema de ciência e tecnologia e a introdução de novos instrumentos legais. Em dez anos, o dispêndio total em pesquisa e desenvolvimento sofreu um aumento real de 75%. Cresceu de R$ 12 bilhões no ano 2000 para R$ 44,4 bilhões em 2010. Isto representa um aumento da participação do setor no PIB de 1,02%, em 2000, para uma estimativa de 1,25% em 2010.
Este ritmo de crescimento só é comparável aos dispêndios aportados pelos grandes players internacionais, como China, Coréia do Sul, Índia e Rússia, países que apostaram nos investimentos em ciência e tecnologia como mola do crescimento interno e externo. Em comparação com países desenvolvidos, como Itália, Canadá e Austrália, estamos bem à frente no impulso dado ao nosso universo acadêmico e científico institucionalizado em universidades, institutos de pesquisa e no setor empresarial.
Já somos o 13º país do mundo em número de artigos publicados em periódicos indexados internacionalmente. Formamos em torno de 40 mil mestres e 12 mil doutores por ano. Instalamos a primeira fábrica para produção de chips na América Latina. A rede nacional de institutos nacionais de ciência e tecnologia alcançou um total de 122 unidades.
Além disso tudo, trabalhamos ativamente em várias frentes, como a infraestrutura de pesquisa, o sistema de alerta contra desastres ambientais, um novo reator nuclear, um anel de Luz Síncrotron mais moderno, um observatório do ecossistema marinho (Amazônia Azul) em tempo real e a transformação da Finep em uma instituição financeira, e uma infinidade de outros tantos projetos e programas.
O mais interessante está no fato de quanto mais fazemos, mais descobrimos o quanto ainda há por fazer. O Brasil está no caminho certo para se tornar a primeira potência mundial a fazer ciência tropical, mas os desafios abertos para que alcancemos o patamar de excelência na produção científica e tecnológica, no cenário das nações, demanda, de todos nós, esforços intensivos em P&D e a consolidação do robusto processo de investimentos no universo de CT&I.
Por isso, tenho certeza que estamos entrando agora, no governo da Presidente Dilma, em um novo capítulo na história da ciência brasileira. A palavra de ordem, comandada pelo ministro Aloizio Mercadante, é enraizar as conquistas e sedimentar a estruturação da esfera de CT&I, mas, além disso e sobretudo, dar ênfase ao ainda incipiente processo de inovação no Brasil, combinado a um sistêmico, dinâmico e integrado modelo de ciência, tecnologia e inovação voltados para o desenvolvimento sustentável.
É imperativo que o desenvolvimento sustentável, prioridade das prioridades neste mundo globalizado, seja definitivamente adotado pela agenda científica nacional e pelas políticas públicas desenvolvidas pelo Estado brasileiro.
Só os países que incorporam a sustentabilidade como um direito da sociedade e um dever do Estado terão seu lugar no século XXI. Mais do que isso, o desenvolvimento sustentável deve estar casado com uma visão de inovação, onde os processos produtivos e econômicos passem por um constante processo de transformação e mudança, sem em contínuo aperfeiçoamento.
A inovação representa um instrumento decisivo e determinante na direção do processo de aumento da competitividade e da produtividade das empresas brasileiras, mas que contempla a efetividade do desenvolvimento sustentável em suas múltiplas dimensões.
(*) Antonio Ibañez Ruiz é professor do Departamento de Engenharia Mecânica, da UnB. Foi reitor de 1989 a 1993, secretário de Educação do DF, secretário nacional de Ensino Médio e Tecnológico, conselheiro da Câmara de Educação Básica do Conselho Nacional de Educação e, atualmente, secretário-executivo substituto e chefe da Assessoria do Fundo Nacional de Denvolvimento Científico e Tecnológico do MCT.