Mulheres, vamos falar de finanças?
As mulheres exercem muitos papéis na sociedade. No lar, verdadeiramente, desempenham o papel de ministras da economia, envolvidas nas compras da casa e pagamentos de contas.
Seu perfil de gastos está relacionado, principalmente, com o bem-estar da família. Possuem maior facilidade em cuidar do dinheiro a curto prazo, entretanto, encontram dificuldades com as finanças a longo prazo.
Quando o assunto é saúde financeira, a mulher ainda enfrenta entraves e não estou me referindo a temas como desigualdade salarial em relação aos homens, dificuldade de entrar e se manter no mercado de trabalho durante a infância dos filhos e muitos outros fatores socioeconômicos. Estou me referindo às dificuldades em lidar com o dinheiro, gerenciar o orçamento, sair das dívidas e investir.
Ainda é grande o número de mulheres que delegam as decisões financeiras ao companheiro ou outra pessoa. Não se atentam que em algum momento da vida terão que assumir essa área, seja por motivo de divórcio ou até mesmo porque, estatisticamente, as mulheres vivem mais que os homens. Dados do IBGE, demonstram que a expectativa média da brasileira é de 80,1 anos, enquanto a dos homes é de 73 anos.
Pesquisa realizada pela Anbima – Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais -, na 5ª edição do Raio X do Investidor Brasileiro, revela que 72% das mulheres não investem e a principal razão é a falta de dinheiro.
Claro que o cenário teve alguma melhora. Estatísticas divulgadas pela B3 (Bolsa de Valores Brasileira), de 2018 a 2022, revelam que os novos registros de investidoras, pessoas físicas, saltaram de 179.561 para 1.387.242. Isso demonstra o despertar para a necessidade de investimentos, de pensar no futuro, na independência financeira.
Aí a importância de falar mais sobre dinheiro.
Tenho vivido nos últimos 6 anos a descoberta diária da necessidade de aprender sobre o dinheiro, porque passei por diversos problemas financeiros e acredito que assim como eu, a grande maioria das mulheres não aprendeu a gerenciar suas finanças.
Passei por uma graduação em Direito, duas pós-graduações e diversos cursos ao longo da minha carreira, entretanto, nada disso trouxe algum conhecimento sobre o melhor uso do crédito, organização do orçamento e investimentos para a aposentadoria.
Comecei a estudar e testar o conhecimento e posso garantir que isso funciona!
O próximo passo foi começar a falar disso com outras mulheres e perceber que quase todas possuem problemas, dúvidas e falta de educação financeira, independentemente do grau de instrução, classe social e profissão.
Vamos falar de finanças? Porque isso não se trata de números, códigos chatos ou setas de indicadores em uma planilha, mas sim porque se trata de vida, de futuro, realização de sonhos e de independência.
(*) Graziela Gonçalves é educadora financeira.