O papel das redes inteligentes no combate da crise de energia
Não é de hoje que a questão das mudanças climáticas permeia os debates e projetos ligados à eficiência, energética e corporativa, aliada à sustentabilidade, nas esferas públicas e privadas. No setor energético, mais especificamente, a movimentação crescente das distribuidoras em torno de projetos de Smart Grids (redes inteligentes) é uma prova dessa tendência. De acordo com a consultoria Juniper Reasearch, estima-se que a crescente implementação de Redes Inteligentes resultará em uma redução de quase 700 milhões de MTT (milhões de toneladas métricas) nas emissões de CO² em âmbito global até 2027.
Ainda segundo o levantamento, existe a projeção de que as Smart Grids podem representar uma economia de custos de US$ 125 bilhões, após a sua implementação. De maneira geral, temos aí dois indicadores que corroboram a tese de que eficiência e sustentabilidade podem e devem caminhar juntas.
Nesse contexto, a Inteligência Artificial pode ser uma importante aliada para potencializar os benefícios das fontes de energias renováveis, sejam elas provenientes de grandes parques geradores eólicos e fotovoltaicos, ou de painéis solares residenciais. São soluções que, além de aumentarem a oferta de energia limpa, também aumentam a oferta total, o que favorece o crescimento da produção e da economia do país.
É importante citar, também, os benefícios com a otimização da transmissão e da distribuição de energia, conforme suas variações de demanda, dependendo da época do ano, dos dias da semana e dos horários.
Sempre é importante ressaltar que, para atender as diversas demandas de eletricidade, as Redes Inteligentes utilizam tecnologias avançadas para monitorar e gerenciar a transmissão de todas as fontes geradoras, assim como a distribuição a todos os tipos e tamanhos de clientes. A implementação de Smart Grids é uma aliada para a descarbonização na produção energética, pois o grande volume de informações - Big Data – e a Inteligência Artificial diagnosticando com agilidade e escalabilidade, permitem tomadas de decisão mais ágeis, ganho de eficiência energética e queda no desperdício de energia e de recursos financeiros. Adicionalmente, as Redes Inteligentes colaboram com a viabilidade, cada vez maior, do uso de energia limpa, como a solar e a eólica.
Crescimento econômico, eficiência energética e sustentabilidade ambiental, são desafios que caminham juntos.
Precisamos, enfim, seguir desenvolvendo mecanismos de automatização na coleta e na análise de dados, para interpretar e agir de forma cada vez mais inteligente, por meio das novas tecnologias de informações estruturadas e não estruturadas, de diferentes fontes energéticas e atendendo às novas formas de consumo que estão em constante evolução. Desse modo, e com as novas tecnologias de comunicação de dados, IoT – 5G e Satélites com cobertura Global - as Redes Inteligentes colaborarão, cada vez mais, nas reduções de emissões, auxiliando na luta global pela melhoria dos indicadores climáticos, provocados, principalmente, pela queima de combustíveis fósseis (como carvão, petróleo e gás).
(*) Octavio Brasil é gerente.