Para onde vai a ética
A constante evolução a que o mundo está submetido nunca é precedida de um planejamento prévio voltado para conceitos ou responsabilidade ética ou marcos civilizatórios, vivemos num mundo hegemonicamente capitalista e, nesse sentido, a voracidade dos castelos tecnológicos que prendem pessoas dentro e as tratam como mercadorias, reforçam, em boa medida a idéia do capitalismo digital mediado pelas forças do mercado.
Essa “parte” do todo dissolvido, (conceito marxista do capitalismo) ganha tração com o crescimento exponencial das mídias de redes sociais que, embora aponte para uma tendência de regulamentação, realizadas em alguns países da Europa, África e America, é pauta em muitos outros países. Apesar disso, operam com demasiada força e controle social, a régua ética para a disseminação de conteúdos raramente é submetida a uma reflexão, a checagem, ou a qualquer ferramenta que legitime a informação a ser compartilhada.
No mais das vezes, o propósito oculto do post coaduna-se com a ideologia do internauta que a dissemina e identifica-o com a bolha que ele se insere, abrindo mão de formas oficiais de informações como jornais ou portais de noticias, vivendo exclusivamente daquilo que é proveniente das redes sociais, sem nenhum critério ou moderação de conteúdo, para legitimar tal informação ela só necessita conter a mesma visão de mundo ou identificar os mesmos inimigos em comum.
Por sua vez, o Estado, com todo o peso de sua estrutura lenta e pesada, com falta de celeridade para processos decisórios, é refém, cada vez mais, das grandes big techs que operam com todo seu poder econômico junto aos poderes legislativos dos países com seus imensos lobis colocando assim, de forma antagônica o poder judiciário que circulam entre reafirmar as balizas constitucionais e civilizatórias e fazer a contenção de abusos, mesmo dispondo da lei 12.965 de 23/04/2014, (marco civil da internet) vivemos uma cultura grotesca de divulgação de noticias falsas e de manipulação.
Nesse ambiente tóxico e turvo em que tateamos buscando manter a mínima sanidade e o equilíbrio emocional, de forma até ingênua as vezes, desejamos ver uma sociedade que se porte dentro dos limites da ética nas redes sociais.
De outro modo, as redes são formas modernas de exploração visam lucros, em virtude disso, seus moderadores não costumam se chocar com determinadas noticias tais como; chacinas, feminicidios, fascismo, disseminação de noticias falsas sobre medicamentos, tudo isso são alimentadores desse dragão chamado algoritmo.
É possível observar um movimento mundial em direção ao atendimento das necessidades das elites, com pauta comum, menos estado, desmonte da institucionalidade, demonização da política, desmonte do poder judiciário, alguns estudiosos marcam o inicio desse processo com a primavera árabe em dezembro de 2010. Ainda que seja necessário, como no caso do Brasil, uma quebra da institucionalidade e a implantação de um golpe de estado, sem nenhum escrúpulo.
Nesse cenário, urge a necessidade de abrir o debate sobre o papel da sociedade na preservação do sistema democrático que passa, sem nenhuma duvida, pela limitação do poder das big techs. Sob pena de sermos conduzidos a um ponto de caos social sem retorno, para alimentar a sanha voraz do lucro a qualquer custo.
(*) Silvio de Oliveira é licenciado em História pela UFMS (Universidade Federal de Mato Grosso do Sul).