Adiado júri de policial acusado de ser cumplice de delegado em assassinato
Emmanuel Nicolas Contis Leite trocou de defesa nas vésperas do julgamento, que estava marcado para ontem
Foi adiado o julgamento do agente de polícia judiciária Emannuel Nicolas Contis, 32 anos, denunciado no mesmo processo em que o delegado de Polícia Civil Fernando Araújo da Cruz Junior foi condenado, ontem, pelo assassinato do boliviano Alfredo Rengel, o “Ganso”, ocorrido em fevereiro de 2019, na rodovia que liga Corumbá a Puerto Quijarro na Bolívia. Contis, às vésperas da data do júri, trocou de patrono da defesa e os novos responsáveis pediram ao juiz do caso, André Monteiro, para que ele não fosse levado a julgamento nesta quarta-feira (23), como estava previsto.
O magistrado, então, decidiu manter o júri de Fernando e repartir a ação penal em duas. O pedido foi feito no dia 18 de junho, sexta-feira passada.
Contis agora, terá um processo só para suas acusações, começando de onde parou o andamento. Ou seja, a próxima fase é o júri, sem data definida por ora.
Contra o policial, pesa a acusação de coação a testemunha e fraude processual. Na prática, conforme a acusação, ele agiu para tentar enganar a Justiça em prol do ex-chefe na Polícia Civil em Corumbá e amigo pessoal.
Fernando, levado a júri ontem, foi condenado a 20 anos e 10 meses de reclusão, além de seis meses de detenção, pelo homicídio do boliviano. O júri acatou como verdadeira a história relevada pela investigação da Corregedoria da Polícia Civil, segundo a qual o delegado esfaqueou a vítima em evento na Bolívia e, como “Ganso” sobreviveu, interceptou a ambulância onde era feito o transporte para o Brasil, em busca de mais recursos, atirando quatro vezes contra o paciente, na frente de três pessoas.
Essas pessoas eram o motorista do carro de socorro e dois parentes de Alfredo Rengel, homem que tinha sentença por tráfico de drogas no Brasil.
Indícios - É depois da morte que Emmanuel, conforme a acusação, passa a agir para tentar livrar o delegado da responsabilização. No processo, são citadas conversas entre eles no celular até debochando da equipe policial, afirmando que seria improvável achar indícios suficientes do crime.
Fernando e o agente foram filmados indo a estabelecimento comercial e a suspeita é de que foram ameaçar testemunhas.
Foi identificado que eles usaram o conhecimento dentro da corporação para tentar se antecipar às fases do inquérito, atrapalhando o trabalho.
O policial nega estar envolvido em crimes. Afirma, desde o início do processo, que era apenas amigo de Fernando e que nunca tramou para impedir investigação policial.
Contis chegou a ficar preso, em março de 2019, junto com Fernando. Em setembro do mesmo ano, foi solto para responder em liberdade, e transferido de Corumbá para Coxim, onde permanece.
Ao Campo Grande News, Contis disse que o advogado anterior renunciou ao caso porque ele ficou sem dinheiro para pagar. A partir de agora, será representado pelo setor jurídico do Sinpol (Sindicato dos Policiais Civis). O profissional responsável, Marcelo Ramos Calado, informou que está avaliando o caso, para decidir a estratégia de defesa daqui para frente.