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Cidades

Ameaça do PCC a "Fuad" ocorreu dois dias após chacina em áudio de 41 segundos

Mensagem foi enviada a sobrinho do "Rei da Fronteira", alvo de quatro ações criminais

Marta Ferreira | 22/05/2021 13:12
A mansão de Fahd Jamil em Ponta Porã, com a guarita da segurança em destaque. (Foto: Reprodução de processo)
A mansão de Fahd Jamil em Ponta Porã, com a guarita da segurança em destaque. (Foto: Reprodução de processo)

Áudio de 41 segundos, enviado por Whatsapp ao advogado Arnaldo Escobar, está sob investigação da Polícia Civil desde 30 de novembro do ano passado, por conter ameaça ao réu na operação Omertà Fahd Jamil Georges, encarcerado em Campo Grande, onde se entregou no mês passado, depois de 10 meses foragido. Arnaldo, sobrinho de “Fuad”, é quem está morando na famosa casa de Ponta Porã, cuja arquitetura foi espelhada em “Graceland”, a mansão de Elvis Presley.

Na mensagem de voz, enviada em 28 de novembro,  Arnaldo recebe alerta para não sair naquela noite. O interlocutor explica o motivo.

Porque o pessoal do PCC tão quereno matá todo o pessoal da... do... Fahd e do Turco ali (sic)”, afirma a pessoa do outro lado.

Isso aconteceu dois dias após chacina na conflagrada região fronteiriça entre Ponta Porã e Pedro Juan Caballero, onde a família Georges vive e tem negócios há decadas. Na matança, foram quatro vítimas, duas delas parentes de Fahd Jamil, por parte de sua segunda esposa.

O fato foi comunicado à 1ª Delegacia de Polícia Civil de Porã, que abriu inquérito para investigar a origem da ameaça. O número do telefone de onde veio a mensagem foi informado.

Fahd Jamil em sala do Garras,  durante videoaudiência. (Foto: Reprodução de processo)
Fahd Jamil em sala do Garras,  durante videoaudiência. (Foto: Reprodução de processo)

Argumento – Quando se entregou há pouco mais de um mês a policiais do Garras (Delegacia Especializada de Repressão a Banco, Assaltos e Sequestros), Fahd Jamil Georges, 79 anos, registrou em carta pública ser “um idoso doente, sob perseguição de criminosos”.

No dia 20 de abril, em audiência de custódia, repediu a afirmação. “O PCC ainda atrás de mim “, afirmou ao magistrado da 1ª Vara Criminal de Campo Grande, Roberto Ferreira Filho, em transmissão por videoconferência de cela da delegacia.

Nessa data, a prisão dele foi mantida, em resposta a pedido de prisão domiciliar feito pelo advogado Gustavo Badaró, de São Paulo, um dos contratados por Fahd Jamil. A autoridade judicial determinou realização de perícia médica oficial para verificar as reais condições físicas do preso.

Na solicitação de cumprimento da ordem de prisão em ambiente domiciliar, foi alegado quadro frágil do réu, em razão de doenças como diabetes e hipertensão, além das consequências do tratamento de câncer, responsável pela perda de um dos pulmões.

Em relação ao quesito segurança, a argumentação da defesa é de não haver possibilidades de encontrar lugar para Fahd no sistema prisional por causa do domínio do PCC (Prmeiro Comando da Capital) nas cadeias de Mato Grosso do Sul.

Conforme a tese alegada, o réu estaria mais seguro em sua mansão, onde há esquema forte de segurança desde sempre. A casa tem guaritas, por exemplo.

Proteção metálica à frente da cama onde Fahd Jamil dorme em sua mansão de Ponta Porã. (Foto: Reprodução de processo)
Proteção metálica à frente da cama onde Fahd Jamil dorme em sua mansão de Ponta Porã. (Foto: Reprodução de processo)

Durante buscas da operação Omertà, foi descoberto que no quarto de Fahd há defensas metálicas à frente da cama para protegê-lo de um eventual ataque.

Em análise há pouco mais de 30 dias, o requerimento para mandar Fahd esperara pelo andamento dos processos em casa tem previsão de julgamento na próxima semana.

Já foram feitas duas dezenas de exames médicos para embasar o laudo do perito do Imol (Instituto de Medicina e Odontologia Legal), que recebeu prazo de cinco dias depois dessa fase para emitir sua avaliação da saúde do “Rei da Fronteira”.

Esse prazo, segundo apurou a reportagem, vence na segunda-feira (24).

Fahd Jamil é réu em quatro ações criminais, por chefiar organização criminosa dedicada a crimes como tráfico de armas, corrupção de agenes públicos e execuções por encomenda.

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