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Cidades

Apesar de MS ser pioneiro, prefeitos vão esperar União mandar vacina da dengue

Segunda maior cidade do Estado virou notícia nacional por conta de estudo inédito de imunização em massa

Por Gabriela Couto | 04/01/2024 11:45
Ampolas com doses da vacina Qdenga, do laboratório japonês Takeda (Foto: Rogério Vidmantas/Prefeitura de Dourados)
Ampolas com doses da vacina Qdenga, do laboratório japonês Takeda (Foto: Rogério Vidmantas/Prefeitura de Dourados)

Ganhou repercussão nacional nesta quarta-feira (4) o início da imunização contra a dengue em Dourados, cidade a 251 km de Campo Grande. Apesar de Mato Grosso do Sul ter a primeira cidade do país a realizar a vacinação, os demais prefeitos vão aguardar as doses do Ministério da Saúde, previstas para serem distribuídas em fevereiro.

A confirmação é da própria Assomasul (Associação dos Municípios de Mato Grosso do Sul) e da Cosems (Conselho de Secretarias Municipais de Saúde do Estado de Mato Grosso do Sul). Ainda não foi divulgado o calendário nacional.

A expectativa é que o governo adquira 8,5 milhões de doses e como a farmacêutica não consegue fornecer esse montante todo até o mês que vem, um público-alvo será definido para receber as vacinas.

Inicialmente, não será possível implementar estratégia de oferecer vacina para todo o público autorizado pela Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária), de 4 a 59 anos. A CTAI (Câmara Técnica de Assessoramento em Imunização) do Ministério se reunirá no dia 18 de janeiro para definir os públicos da campanha nacional.

Dourados se tornou pioneira na imunização com a QDenga por conta de uma parceria do laboratório japonês Takeda e o pesquisador e professor da UFMS (Universidade Federal de Mato Grosso do Sul), Julio Croda.

Este tipo de monitoramento técnico é previsto para qualquer imunizante já aprovado pelos órgãos de controle. Iniciativa semelhante ocorreu durante a pandemia da covid-19, na cidade de Serrana (SP), quando o Instituto Butantan disponibilizou a CoronaVac e em Botucatu (SP), com a dose da AstraZeneca, pela Fiocruz.

As 300 mil doses da vacina Qdenga disponibilizadas para o estudo em Dourados iriam vencer em agosto deste ano. Elas foram doadas para o projeto inédito e único a nível mundial. O objetivo é avaliar o impacto da proteção na vida real.

Por isso, o trabalho agora é garantir uma alta cobertura para avaliar o impacto na redução de casos, hospitalização e óbitos, já neste ano. A ideia é avaliar também o reflexo nos próximos 3 a 5 anos, dependendo da circulação de sorotipos e epidemias que possam ocorrer na cidade.

Desta forma, os douradenses vão auxiliar no fornecimento de dados adicionais sobre a eficácia do imunizante. A campanha pretende vacinar 150 mil moradores de 4 a 59 anos de idade. A QDenga é aplicada em duas doses, com intervalo de três meses entre elas.

A cidade foi escolhida por ter uma carga alta de dengue (1.429 casos confirmados laboratorialmente a cada 100 mil habitantes no ano passado), ter cerca de 200 mil moradores elegíveis para a vacina e contar com uma boa cobertura de atenção primária e de vigilância epidemiológica.

Vale ressaltar que o tempo para se observar o impacto da campanha dependerá da adesão da população. Também cabe lembrar que o maior período de incidência da doença ocorre justamente no verão, por conta das chuvas proporcionarem ambiente propício para a proliferação do mosquito Aedes aegypti.

A vacinação está disponível em todas as unidades de saúde de Dourados. A aplicação ocorre das 7h às 11h e 13h às 17h, de segunda a sexta-feira.

No restante do Estado, quem quiser vacinar precisa recorrer às clínicas particulares, enquanto o Ministério da Saúde não disponibiliza o imunizante.

A vacinação completa contra a dengue custa entre R$ 856 e R$ 1,2 mil em Campo Grande. A dose mais cara do imunizante custa R$ 605. Como são necessárias duas aplicações, esse valor dobra e supera R$ 1,2 mil.

Em 2023, foram confirmados 40.887 casos de dengue no Estado, com 42 mortes causadas pelo vírus carregado pelo mosquito Aedes aegypti. Um recorde dos últimos 3 anos. Anteriormente, o número mais alto tinha sido registrado em 2020, ano com 41.998 casos e 43 óbitos, segundo dados da Secretaria Estadual de Saúde.

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