Com recorde de casos, Casa da Mulher de Dourados será vizinha à Reserva Indígena
Prefeito diz que escolha do local atende à demanda elevada de atendimentos naquela comunidade

A Casa da Mulher Brasileira a ser construída em Dourados será instalada em terreno de 8,5 mil m² vizinho à Reserva Indígena da cidade, área disponibilizada pela Prefeitura, escolhida diante do volume de casos de violência contra a mulher registrados na região. Um crime gerou especial comoção em agosto de 2021, quando uma menina de 11 anos sofreu estupro coletivo e depois foi assassinada, sendo o corpo jogado do alto de um paredão em uma pedreira desativada.
A obra foi anunciada esta manhã, com a assinatura de convênio envolvendo o Município, Governo do Estado e a União, com a presença de prefeitos, o governador Eduardo Riedel, parlamentares e a ministra das Mulheres, Cida Gonçalves.
Para Dourados, serão destinados R$ 16,3 milhões para criação de um centro, a exemplo da estrutura existente em Campo Grande, reunindo uma série de serviços em uma mesma unidade, como Polícia Civil, psicólogos, equipe para exame de corpo de delito, Justiça e assistência social.
O prefeito da Cidade, Alan Guedes, considerou essencial unificar os serviços, para um trabalho multidisciplinar, “que vai permitir que a gente consiga encarar com mais organização os desafios que são impostos pela violência moderna.”
Ele confirmou a escolha da área para haver uma atenção maior às mulheres indígenas, diante do volume de ocorrências. O caso da morte da menina de 11 anos não é fato isolado. Ainda naquele ano, outra jovem foi assassinada e, no ano passado, foram pelo menos mais duas mortes, sendo uma adolescente de 16 anos, após ser estuprada pelo namorado, e uma mulher, por crime apontado como passional. As ocorrências sempre envolviam o consumo de bebida alcoólica, outro problema crônico na reserva.
O prefeito admitiu a peculiaridade da violência no cenário local, com as mulheres indígenas demandando atenção especial. A ministra também falou sobre a situação, apontando esperar que a estrutura a ser criada se torne uma referência no País. “É uma preocupação do governo Lula, é uma preocupação do Ministério das Mulheres e é uma preocupação do Ministério dos Povos Indígenas.”
Quando a criança foi assassinada, chegou a haver visitas de autoridades ao local. A então deputada federal Rose Modesto e a senadora Soraya Thronicke foram à cidade e cada uma incluiu emenda ao orçamento no valor de R$ 800 mil. Nesta manhã, durante a oficialização das obras, no Centro de Convenções Rubens Gil de Camilo, Soraya apontou que os recursos deverão ser utilizados para compra de equipamentos.

Além da Casa para Dourados, foi anunciada outra, para Corumbá, com orçamento de 7 milhões e meio. Estruturadas, elas receberão da União R$ 2 milhões para manutenção do serviço. O funcionamento, a exemplo do que ocorre em Campo Grande, envolve as três esferas do Poder Executivo e ainda o Judiciário.
Receba as principais notícias do Estado pelo Whats. Clique aqui para acessar o canal do Campo Grande News e siga nossas redes sociais.