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Cidades

"Doa a quem doer, vai aparecer a resposta?", pergunta pai à Cassems

Hospital garantiu que vai apurar caso e prontuário será entregue à família nesta tarde; menina morreu um dia antes de fazer 1 ano

Paula Maciulevicius Brasil | 23/02/2021 13:21

Na manhã de hoje (23), a família da menininha Luísa, de 11 meses, que morreu na última sexta-feira (19), teve a promessa da Cassems de que a morte da filha não ficará sem investigação. Em reunião com os familiares, a diretoria do plano também se comprometeu a entregar o prontuário da paciente ainda na tarde de hoje.

"A pergunta que eu fiz foi: 'doa a quem doer, vai aparecer a resposta?'", conta Luiz Gustavo Aguillar Steim.

A indagação resume o sentimento de um pai que, desde o dia 19, busca respostas para o que aconteceu com a filha. A criança foi internada na terça-feira (16) no Hospital da Cassems de Coxim e veio transferida para a unidade da Capital em estado grave depois de ter convulsão e paradas cardíacas após a aplicação de um medicamento na veia. Aqui, a criança teve mais três paradas e não resistiu.

Depois de enterrarem o corpo da menina no sábado (20), dia em que ela faria 1 aninho, os familiares registraram o caso como morte a esclarecer na 3ª Delegacia de Polícia Civil, deram entrevistas e pediram que a população compartilhasse a história.

Luísa, de 11 meses, quando estava internada em hosital (Foto: Arquivo de família)
Luísa, de 11 meses, quando estava internada em hosital (Foto: Arquivo de família)

A repercussão foi imediata, gerou duas notas da Cassems e uma reunião marcada pelo próprio presidente, Ricardo Ayache, junto com o vice-presidente da Cassems, Ademir Cerri, e o gerente jurídico, Patrick Hernands, com os familiares.

"Eles disseram que estão muito chateados, prestaram as condolências, perguntaram o que aconteceu e se solidarizaram", descreve o pai sobre o encontro de hoje.

Em nota, o presidente da Cassems, Ricardo Ayache reforçou que a reunião foi feita para apresentar à família a data para a entrega do resultado da sindicância. "Estamos averiguando tudo o que ocorreu nesse atendimento, que infelizmente teve um desfecho fatal, e tomaremos todas as providências cabíveis."

Segundo a família, a diretoria informou que o advogado da Cassems vai para Coxim na quinta-feira, cidade distante 260 quilômetros da Capital e onde o atendimento começou, para ouvir a equipe do hospital. "Agora vamos aguardar para ver essa sindicância deles e deixar o processo rolar também na delegacia", relata Luiz Gustavo.

Também presente na reunião, o tio da criança, Rafael Aguillar Steim, acrescenta que com o prontuário em mãos, a família vai aguardar as instruções dos advogados.

"Nós deixamos bem claro que em relação à investigação clínica, não entendemos nada, não somos médicos, mas achamos estranho o comportamento e atitudes do médico que atendeu em Coxim e nós repassamos tudo isso para a diretoria da Cassems que nos prometeu que essa investigação terá resultado e que irão nos manter informados", comenta.

Com o caso sendo amplamente divulgado também nas redes sociais, o tio da menininha relatou à diretoria a quantidade de mensagens recebidas de mães que contam ter passado pelo mesmo médico e que também têm queixas e dúvidas quanto ao atendimento.

"A gente vai lutar por isso agora, que essa seja uma bandeira que estamos levantando para que outras mães não fiquem amedrontadas e busquem saber o que realmente aconteceu com seus filhos. Todo mundo tem direito a saber", ressalta Rafael.

De camisa verde, Rafael Aguillar Steim, tio da criança, ao lado do irmão, Luiz Gustavo, pai da menina (Foto: Marcos Maluf)
De camisa verde, Rafael Aguillar Steim, tio da criança, ao lado do irmão, Luiz Gustavo, pai da menina (Foto: Marcos Maluf)

Sem chão - Os pais de Luísa, que tem outra menininha chamada Alice, de 5 anos, ainda não sabem se permanecem em Campo Grande ou retornam para a fazenda próximo à cidade de Coxim. Para o município mesmo, o pai diz que não pretende voltar tão cedo.

"A gente ainda não decidiu, mas devemos ir direto pra fazenda, não dá para ficar na cidade e viver dentro daquele lugar que vai ser sempre um terror na vida da gente. A ferida está muito aberta ainda".

O pai contou à filha mais velha que a irmãzinha não voltaria mais para a casa. Aos 5 anos, a menina chorou muito, mas em seguida já disse que ia brincar com Luísa que havia "virado uma estrela". "Nós dissemos para ela que a Luísa estava junto com a Lola, uma cachorrinha que ela tinha e virou estrelinha", descreve o pai emocionado. A notícia foi dada ainda na sexta-feira, data da morte da menina.

"Ela ficou mais tranquila, mas foi brincar de esconde-esconde e tentava adivinhar qual estrela era a irmã".

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