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Cidades

Grupo de quilombo faz Enem para cuidar da escola da comunidade

Dos 17 candidatos que viajaram 40 quilômetros para fazer a prova, a maioria quer cursar pedagogia

Fernanda Palheta | 03/11/2019 11:55
Grupo de mulheres da comunidade quilombola Furnas do Dionísio no caminho para prestar o Enem em Campo Grande (Foto: Arquivo)
Grupo de mulheres da comunidade quilombola Furnas do Dionísio no caminho para prestar o Enem em Campo Grande (Foto: Arquivo)

A maioria dos 17 candidatos que saiu da comunidade quilombola Furnas do Dionísio, na manhã deste domingo (2), para prestar a primeira prova do Enem (Exame Nacional do Ensino Médio) em Campo Grande, sonha com a formação na área da educação para cuidar da escola na comunidade.

Este é o caso da funcionária pública e moradora da comunidade quilombola Vera Lúcia Rodrigues dos Santos, 37 anos. Ela foi uma das organizadoras da viagem do grupo. “Saímos de Furnas por volta de 9h, são cerca de 40 quilômetros daqui de Campo Grande”, relata.

A poucos minutos da abertura do portão, contou estar ansiosa para a prova. “Meu objetivo com o Enem é me formar em na área da educação para assumir a escola da comunidade”, explica.

Vera Lúcia aponta que na escola de Furnas do Dionísio apenas três funcionárias são da comunidade. “A maioria é de Jaraguari. Nosso sonho é chegar um dia em a escola seja cuidada por 100% de pessoas da comunidade”, conta.

Este também é o sonho da inspetora da escola, Laura Aparecida Teodoro, 43 anos. “Quero fazer pedagogia e trabalhar como professora na escola da comunidade”, afirma. A maior preocupação para ela é com a redação. “Minha expectativa está ótima, estou preocupada com a redação porque o povo fala muito disso”, completou.

Iniciativa – A organização do grupo teve início no começo desse ano, quando o professor e coordenador da Escola Estadual Joaquim Murtinho, Izadir Francisco de Oliveira, foi até a comunidade para apresentar o projeto Educação no Campo.

“Para participar do projeto é preciso que os interessados tenham feito Enem e a maioria não tinha feito. Então para que eles pudessem participar esse ano surgiu iniciativa de fazer um cursinho, porque muitas dessas pessoas estavam fora do ensino regular há muitos anos”, explica, o coordenador.

Depois do carnaval, as aulas no cursinho começaram. “Reuni 16 professores e todos sábados nos dividíamos para ir até a comunidade dar aula”, completa.O grupo saiu de Furna do Dionísio às 9h. Todos os candidatos farão a prova na Unigran Capital.

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