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Cidades

Linha de pipa e até cadarço podem cortar fio de alta tensão? Estrago é grande

Conforme gerente de Operações da Energisa, atrito da linha com a fiação pode provocar rompimento e acidentes

Guilherme Correia e Ana Oshiro | 18/07/2022 11:48
Apesar de mais resistente, fiação de alta tensão pode ser rompida após atrito com linha. (Foto: Marcos Maluf)
Apesar de mais resistente, fiação de alta tensão pode ser rompida após atrito com linha. (Foto: Marcos Maluf)

Caso de duas mulheres que foram socorridas após tomarem choque de 13 mil volts levantou muitos questionamentos por parte dos leitores do Campo Grande News. O acidente ocorreu após fio de alta tensão ser rompido por conta de uma linha de pipa com cerol.

A leitora Vanusa Lima questionou o caso e comentou: "Nunca vi uma mentira deste tamanho, linha de cerol derrubar fio de alta tensão?".

O gerente de Operações da Energisa, Fernando Corradi, explica que a linha cortar o fio é possível, mesmo de alta tensão, quando o cabo é mais forte, por conta do atrito. "Os cabos são de alumínio, bem resistentes e não tem como ter um material muito pesado, porque senão não dá pra ficar no alto, na rede. No mundo inteiro se usa o alumínio para rede aérea."

Não é só o fato da linha passar pelo fio que vai cortar, é o atrito. A linha chilena enrola no fio e a pessoa que tá soltando pipa fica puxando, pra tentar tirar. Esse atrito funciona como uma serrinha e corta o cabo. Qualquer objeto na rede elétrica pode fazer o cabo se romper. O objeto enrolado no cabo gera um ponto quente, porque a energia está passando ali", explica Corradi.

Segundo ele, ao encontrar o objeto, o cabo gera ponto quente e, com o tempo, o alumínio esquenta, amole e o metal se rompe. "É uma prática muito perigosa jogar qualquer coisa na rede elétrica", comenta. Em vários bairros, é comum ver tênis pendurados pelo cadarço ou outros objetos enroscados.

De acordo com a concessionária de energia elétrica, ocorrências com pipa na rede de transmissão têm sido mais comuns e portanto, cuidados com segurança devem ser tomados. Somente na Capital, em 2022, são 86 ocorrências e 61 mil moradores prejudicados. Em todo 2021, o número total chegou a 144, abrangendo 109,7 mil consumidores impactados.

"Soltar pipa é uma brincadeira muito comum, principalmente no período de férias escolares. A atenção deve ser redobrada porque além de causar danos à rede elétrica, compromete o fornecimento de energia elétrica, pode causar graves acidentes, inclusive morte”, explica o gerente de Operações.

No primeiro semestre, no Estado, foram registradas 119 ocorrências e cerca de 78 mil clientes tiveram fornecimento de energia interrompido. Em todo ano passado, foram 186 registros e 129,8 mil clientes afetados.

Os números tendem a aumentar, já que, entre os meses de maio e agosto é quando a Energisa registra maior número de ocorrências com pipa por ser época característica de ventos, propícios para a brincadeira, coincidindo com o período de férias", explica o gerente.

Pedaços da rabiola da pipa colados no cabo de alta tensão caído neste domingo, em Campo Grande. (Foto: Marcos Maluf) 
Pedaços da rabiola da pipa colados no cabo de alta tensão caído neste domingo, em Campo Grande. (Foto: Marcos Maluf)

Repercussão - No domingo (17), duas irmãs, de 38 e 31 anos, foram socorridas após o choque de 13 mil volts, quando um cabo de alta tensão atingiu o carro onde estavam. O acidente aconteceu na Rua Diogo Alvares, Jardim Tijuca, em Campo Grande, após uma linha de pipa cortar a fiação. Cerca de sete quadras na região ficaram sem energia.

Em matéria do Campo Grande News, a mãe das mulheres contou que uma das filhas estava indo embora e a outra foi até o carro da irmã pegar o cachorro da família, quando o cabo de alta tensão caiu sobre o Jeep Compass estacionado em frente a residência.

Elas não tiveram o nome divulgado, mas ainda conforme mãe, uma já estava dentro do carro e acabou desmaiando com a descarga elétrica. A outra ficou em pé ao lado da porta do veículo e caiu no chão com o choque.

Quando o Samu (Serviço de Atendimento Móvel à Urgência) chegou, as mulheres já estavam acordadas, conscientes e orientadas. Elas foram socorridas e levadas para o CRS (Centro Regional de Saúde) no Coophavila.

Por conta do corte no cabo, cerca de sete quadras do a bairro ficaram sem energia elétrica. e equipe da concessionária Energisa foi chamada ao local para trabalhar no reparo do fornecimento de mais de 500 casas, restabelecido por volta das 17h.

A concessionária orienta que a população não empine pipas perto das redes elétricas e reforça sobre o cuidado para evitar acidentes, como descargas elétricas, que podem deixar sequelas como queimaduras graves e, em casos mais extremos, causar a morte. Entre as orientações da empresa, estão:

  • Jamais solte pipa próximo à rede elétrica e nunca tente remover a pipa da rede elétrica. Você pode levar um choque elétrico. Apenas os profissionais autorizados pela Energisa, munidos de todos os itens de segurança e treinamentos necessários, podem fazer a manutenção na rede elétrica;
  • Não utilize materiais cortantes, como a linha chilena e o cerol, e não solte pipa próximo a ruas e avenidas. A linha pode ser perigosa para os condutores, causando, principalmente, acidentes com motos e bicicletas;
  • Não empine pipa em dias de chuvas e relâmpagos
  • Alerte outras pessoas sobre o risco de soltar pipas sem os devidos cuidados. A conscientização é fundamental para reduzir transtornos e acidentes
  • Ao verificar pipas presas à rede elétrica, entre em contato com a Energisa por meio dos canais de atendimento.

Acidentes como descargas elétricas podem deixar sequelas como queimaduras graves e, em casos mais extremos, causar a morte. Ao verificar pipa presa à rede elétrica, Energisa pede que se entre em contato por meio dos canais de atendimento: 0800 722 7272, aplicativo Energisa On ou pelo WhatsApp Gisa (67) 99980-0698".

Fiação em rua da Capital com tênis pendurado pelo cadarço. (Foto: Marcos Maluf)
Fiação em rua da Capital com tênis pendurado pelo cadarço. (Foto: Marcos Maluf)
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