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Cidades

Mais casos e menos mortes registradas indicam aumento de confirmações atrasadas

Em uma semana, houve alta de casos positivos de covid em todo Estado, o que se contrapõe à redução de mortes no mesmo período

Lucia Morel | 29/08/2020 14:53
Mais casos e menos mortes registradas indicam aumento de confirmações atrasadas
Mais testes rápidos sendo feitos revelam que confirmações podem ser de casos antigos da doença. (Foto: Kísie Anoiã/Arquivo)

A quantidade de mortes por covid-19 em Mato Grosso do Sul não tem acompanhado o crescimento de casos no Estado, que nesta última semana registrou maior número acumulado desde o começo da pandemia. Já a maioria dos óbitos oficializados em sete dias foi há duas semanas. Leia mais aqui.

O número de mortes foi de 84 nesta última semana, entre sábado passado, 23 de agosto e hoje, contra 123 na semana entre 8 e 15 de agosto. Em relação à quantidade de casos novos registrada em MS nesta última semana, foram 6.125 infectados e antes disso, a semana que mais registrou confirmações, teve 5.835 em sete dias.

Segundo especialista, não necessariamente a quantidade de casos confirmados precisa corresponder ao de mortes. Explica-se. Conforme Mariana Croda, infectologista e pesquisadora em saúde, a capacidade de testagem da população influencia diretamente nessa situação.

Mais casos e menos mortes registradas indicam aumento de confirmações atrasadas
Linha do tempo de casos confirmados por semana em MS. (Fonte: SES / Arte: Thiago Mendes)

“Isso depende muito da testagem. Quanto mais testes forem aplicados, mais casos vão surgir, mas não necessariamente de casos ativos. Há muitos testes rápidos e municípios no Estado que estão aplicando teste em massa e os resultados não sã necessariamente de casos recentes”.

Isso explica porquê a correspondência entre quantidade de casos e mortes não pode ser equilibrada, ou seja, quanto mais casos em uma semana, mais mortes no mesmo período. Como são aplicados muitos testes rápidos em MS, boa parte dos registros novos da doença podem se referir a pessoas que já tiveram a doença, mas estão curadas.

Ocorre que apenas o exame ouro, RT-PCR, identifica a doença no momento em que a pessoa está infectada, por isso é indicado de ser realizado se há sintomas da doença. O rápido, no entanto, por ser sorológico, revela casos positivos com mais de sete dias de infecção – caso tenham sido produzidos anticorpos – ou antigos, de pessoas que já tiveram a doença, mas não estão mais infectadas.

Outra questão que pode influenciar na não correspondência equilibrada entre casos e óbitos é o tempo de fechamento de registros pelos municípios, ou seja, conforme a demora em se oficializar as confirmações, maior o período entre casos ativos e seu efetivo registro nos dados oficiais.

“O dado oficial depende do fechamento dos municípios e se o município faz uma força-tarefa, tem números de casos que ainda não foram lançados no sistema, daí tem esse viés de interpretação pra essa diferença também”, disse.

Mais casos e menos mortes registradas indicam aumento de confirmações atrasadas
Linha do tempo de casos confirmados por semana em Campo Grande. (Fonte: SES / Arte: Thiago Mendes)

Além disso, um outro ponto pode explicar, de alguma forma, o desequilíbrio, que é o maior acesso da população acometida pela doença aos serviços de saúde. “Com os serviços menos lotados, a assistência é melhor e também há uma melhor expertise na condução dos casos”, analisa.

Queda de casos e mortes - Por fim, Croda afirma que apesar de haver estudo indicando tendência de queda de casos e mortes em Campo Grande porque já se haveria chegado ao número máximo de confirmações diárias, “só conheceremos o pico quando ocorrerem de fato a redução de casos”, o que ainda não aconteceu.

Para se ter uma ideia, a média móvel de confirmações e mortes tanto em MS quanto na Capital ainda não apresenta tendência de queda. Esse média avalia a quantidade de casos e óbitos a cada sete dias, revelando qual o registro médio diário.

No Estado, por exemplo, conforme dados de média móvel do site Covid-19 Brasil, da USP (Universidade de São Paulo), são registrados 865 confirmações da doença por dia e 16 mortes. Na Capital, os mesmos dados são de 695 e 12, respectivamente.

“Existe uma tendência de queda, sim, porque as pesquisas mostram, mas só teremos certeza nas próximas duas semanas, obedecendo os 14 dias de incubação da doença”, afirma a especialista.

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