Mandetta é demitido da Saúde durante reunião com presidente Bolsonaro
Campo-grandense assumiu o cargo no início do governo Bolsonaro, mas sai após conflitos públicos com o presidente
O campo-grandense Luiz Henrique Mandetta deixou o cargo de ministro da Saúde depois de um ano e quatro meses. O ex-deputado federal se reuniu com o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) no início da tarde desta quinta-feira (16), no Palácio do Planalto, em Brasília e foi comunicado da demissão. Para o cargo, o presidente convidou o oncologista Nelson Teich.
"Acabo de ouvir do presidente Jair Bolsonaro o aviso da minha demissão do Ministério da Saúde. Quero agradecer a oportunidade que me foi dada, de ser gerente do nosso SUS, de pôr de pé o projeto de melhoria da saúde dos brasileiros, de planejar o enfrentamento da pandemia do coronavírus, o grande desafio que o nosso sistema de saúde está por enfrentar. Agradeço a toda a equipe que esteve comigo no MS e desejo êxito ao meu sucessor no cargo de ministro da Saúde. Rogo a Deus e a Nossa Senhora Aparecida que abençoem muito o nosso país", escreveu o ex-ministro em sua página no Twitter.
Mandetta sai do cargo depois de desgaste com o presidente em torno do combate à disseminação do novo coronavírus. Enquanto o, então ministro, era a favor do isolamento social, seguindo as recomendações da OMS (Organização Mundial da Saúde), Bolsonaro se mostrava avesso e defendia o isolamento vertical, somente de idosos e pessoas do grupo de risco.
As ações de combate à covid-19 fizeram que o Ministério da Saúde ganhasse mais notoriedade que o presidente, segundo o Datafolha. Mas a permanência de Mandetta se tornou insustentável depois de confrontos públicos com Bolsonaro.
No domingo, em entrevista à TV Globo, o ex-ministro criticou atitudes contra isolamento, como visitas a padarias e supermercados, em referência ao presidente. Também alertou que maio e junho serão os meses mais duros no combate à disseminação da doença.
A entrevista coletiva de quarta-feira já foi em tom de despedida. Nela, confirmou que não aceitou o pedido de demissão do secretário de Vigilância em Saúde, Wanderson de Oliveira, e mais tarde, à Veja, afirmou que não tem mais jeito de permanecer no cargo. “São 60 dias nessa batalha. Isso cansa”.