Meio ambiente permite valas no Pantanal e ativistas temem desastre
A drenagem da água das chuvas seria medida para permitir colheita e plantio
O governo estadual vai permitir a agricultores abrir valas em propriedades rurais das regiões sudoeste e oeste de Mato Grosso do Sul, onde estão Bonito e o Pantanal, para acelerar o escoamento da água da chuva e facilitar a colheita da safra de soja, além de possibilitar o plantio de milho, culturas que ficaram prejudicadas pelo alto volume das chuvas. Uma resolução nesse sentido foi publicada hoje no Diário Oficial, assinada pelo secretário de Estado de Meio Ambiente, Desenvolvimento, Ciência, Tecnologia e Inovação, Jaime Verruck.
O texto aponta que a medida seria necessária diante dos índices pluviométricos acima da série histórica, prejudicando a agricultura. A solução escolhida foi permitir a abertura das valas para drenar a água, forçando o escoamento rumo aos rios da região, que acabam chegando ao Pantanal. A questão é que as áreas delimitadas incluem municípios turísticos, como Bonito, Jardim, a Zona da Serra da Bodoquena e região do Pantanal, desde Aquidauana e Anastácio, além de Guia Lopes e Nioaque. Constam ainda a Zona do Chaco, Zona de Proteção da Planície Pantaneira e área de uso restrito do Pantanal.
A resolução aponta que deverá ser apresentado um projeto técnico para ser analisado pelo Instituto de Meio Ambiente de Mato Grosso do Sul, com prazo de abertura e fechamento das valas dentro do mês de março. No pedido de autorização deve constar a profundidade das valas e suas coordenadas. O texto aponta que não pode atingir região de várzeas com vegetação nativa, nem comprometer lençol freático ou oferecer risco de formação de processo de erosão.
Diretor de Estratégia do instituto SOS Pantanal, Leonardo Gomes considerou o precedente perigoso e injustificado querer drenar uma região que precisa dessa característica para manter seu equilíbrio. Para ele, alterar o ritmo de escoamento das águas do Pantanal pode ser impactante.
Em nota retorno enviada pela secretaria, o Governo de MS explica que nova medida será publicada em Diário Oficial amanhã e que alegou que "foram equivocadamente incluídas regiões sensíveis e para as quais o próprio Estado vem propondo ou editando regras de proteção”.
Matéria editada às 19h09 para acréscimo de informações.