Mortes em casa por doenças do coração crescem 35% durante a pandemia na Capital
Em todo o Estado, o aumento foi de 13,13% durante a pandemia. Crescimento ocorreu em todo o Brasil no comparativo a 2019
As mortes por doenças cardíacas dentro de casa, ou seja, de pacientes que não buscaram uma unidade de saúde, aumentaram em 13,13% em todo o território de Mato Grosso do Sul desde que a OMS (Organização Mundial de Saúde) definiu o surto de covid-19 como uma pandemia. Os dados são do Portal da Transparência, de registros civis.
Os novos dados reunidos e atualizados diariamente são fruto de uma parceria entre a SBC (Sociedade Brasileira de Cardiologia) e a Arpen-Brasil (Associação dos Registradores de Pessoas Naturais do Brasil).
A reportagem fez o recorte desde o dia 16 de março até o dia 30 de junho. Em 2019, segundo os dados, ocorreram 784 mortes registradas como causa cardíaca. Já em 2020, no mesmo período, esse número salta para 887.
O aumento foi ainda maior em Campo Grande. Em 2019 foram registradas 190 mortes por doenças cardíacas registradas nesse período na Capital. Este ano, do início da pandemia até agora, o aumento foi de 35,7%, com 258 mortes em casa.
Sem atendimento – O aumento ocorreu em todo o Brasil, conforme mostrou a Folha, que realizou recorte entre março e maio, período de maior salto em todo o país, quando o aumento com relação ao mesmo período em 2019 foi de 32%.
Ao jornal, o presidente da Sociedade Brasileira de Hemodinâmica e Cardiologia Intervencionista, cardiologista Ricardo Costa disse que “a partir da segunda quinzena de março, houve queda de até 70% nas angioplastias primárias (colocação de stents), principal tratamento do infarto”.
Ele cita o dado para relacionar as mortes ao contingenciamento da saúde, ou seja, além do SUS (Sistema Único de Saúde) e planos privados estarem voltados ao combate do novo coronavírus, as pessoas buscaram menos o atendimento para tratar doenças ou mesmo para verificar sintomas.
Causas diversas - As causas detalhadas no portal da transparência para mortes cardiovasculares são diversas e envolvem desde AVC (Acidente Vascular Cerebral) até suspeita de covid-19, indício de que há, entre os números, subnotificação da doença do novo coronavírus.
Em Mato Grosso do Sul, das 3.919 mortes por doenças cardíacas registradas entre março e junho, 887 ocorreram em casa: 22,6% do total.
Períodos e pessoas – Entre os homens, o aumento nesse período foi de 13,5% em relação à 2019, contra 12,5% de aumento entre as mulheres.
O período que mais chama a atenção pelo aumento é o que compreende o início da pandemia, em 16 de março, até o dia 31 de março. Isso porque este ano, neste período, o aumento com relação a 2019 foi de 78,4%.
Em todo o território do Estado, enquanto no ano passado 93 pessoas morreram em casa por doenças cardíacas do dia 16 ao dia 31 de março, em 2020 foram 166 mortes.
Entre o dia 16 de março até o dia 31 de maio, Campo Grande teve aumento de 50%, período de salto nessas mortes da Capital. Foram 138 óbitos neste período em 2019 contra 207 este ano. Em todo o Estado no mesmo período o aumento foi de 35,7%.
No mês de abril, em comparação ao mesmo mês no ano passado, o aumento foi de 31%. Em maio, o aumento foi menor, 23,8%.
Diferente dos outros meses, o mês em junho, em que a curva da covid-19 cresce vertiginosamente em Mato Grosso do Sul, o comparativo apresentou queda. Neste mês, em comparação ao mesmo mês em 2019, a queda nas mortes por doenças cardiovasculares em casa foi de 32,6%.