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Cidades

Na Capital, empresários sentem nas prateleiras o impacto das chuvas no RS

Sem previsão da nova remessa de produtos, proprietária estima prejuízo de até 50% nas vendas

Por Jéssica Fernandes | 07/05/2024 13:57
Prateleiras de empórios do sul estão ficando vazias em Campo Grande. (Foto: Marcos Maluf)
Prateleiras de empórios do sul estão ficando vazias em Campo Grande. (Foto: Marcos Maluf)

As chuvas que atingem o Rio Grande do Sul desde semana passada impactaram as prateleiras de lojas da Capital. Empresários que dependem de produtos do estado gaúcho já contabilizam prejuízo e vivem a insegurança de não saber se terão mercadoria no próximo mês.

No Bairro Antônio Vendas, Ednéia Lazarotto administra um empório com itens típicos da culinária gaúcha. Nesta semana, a empresária precisou priorizar os itens da charcutaria na área da cafeteria para que não faltassem esses ingredientes na produção de pratos.

Agora, o cliente não irá mais encontrar salames, queijos coloniais e outras peças inteiras para venda no empório. Por enquanto, Ednéia diz não saber quando terá novamente os produtos em estoque. Outro problema apontado por ela é a falta de matéria-prima para produzir, por exemplo, as geleias comercializadas no empório.

Ednéia Lazarotto explica que itens da charcutaria estão sem reposição. (Foto: Marcos Maluf)
Ednéia Lazarotto explica que itens da charcutaria estão sem reposição. (Foto: Marcos Maluf)

“Eu cheguei a conversar com a maior parte dos nossos fornecedores. As fábricas em si não foram tão afetadas, mas a matéria-prima sim. Então, algumas coisas a gente não sabe quando vai ter reposição na fábrica e outras não sabemos quando vão vir para cá”, explica.

A empresária prevê que na próxima semana o estoque da loja terá acabado. O cenário mais otimista que ela visualiza é que a situação volte à normalidade em junho. “A melhor previsão é que mês que vem já consigamos trazer alguns produtos, mas ainda é uma hipótese”, afirma.

Até lá, a loja ficará sem a nova remessa de vinhos, bolachas doces e a charcutaria que é o carro-chefe do empório. Aos poucos, a empresária vê as prateleiras, que antes eram cheias, com espaços vazios.

No Bairro Antônio Vendas, empório está com poucas peças da charcutaria. (Foto: Marcos Maluf)
No Bairro Antônio Vendas, empório está com poucas peças da charcutaria. (Foto: Marcos Maluf)

No Bairro Jardim dos Estados, o Dia das Mães não sairá como planejado para Eduarda Scherer. A caixa presenteável com chocolates selecionados da campanha “O mais doce laço de amor” não chegou a tempo na loja. Agora, a proprietária da Lugano irá trabalhar com o que tem na data comemorativa.

No próximo mês, Eduarda também não receberá outros insumos do Rio Grande do Sul. “Nosso abastecimento de produtos de linha para junho está prejudicado. Não será entregue”, diz. O impacto, conforme a empresária, é geral e afetará principalmente o setor de chocolataria.

“Toda a parte da loja é impactada, a produção e embalagem vem do Sul. Acredito que de 30% a 50% das nossas vendas serão afetadas. Como somos cafeteria e chocolataria não teremos produtos na chocolataria”, comenta.

No Jardim dos Estados, chocolataria está com abastecimento de linha prejudicado. (Foto: Marcos Maluf)
No Jardim dos Estados, chocolataria está com abastecimento de linha prejudicado. (Foto: Marcos Maluf)

No Bairro Jardim Oliveira III, Elisabete Ramires não tem mais queijo para vender. A remessa, que chega sempre no fim do mês, foi afetada pelas chuvas que atingem 80% das cidades.

Sem saber como será o dia de amanhã, a proprietária do empório está vendo os produtos acabarem sem ter previsão da nova remessa. “Por enquanto estamos de boa, mas se essa semana não chegar nada nem salames teremos mais. O vinho está bem pouquinho também”, conta.

Na Avenida Três Barras, Luiz Motta ainda está com o empório abastecido. Todo mês, ele viaja ao Rio Grande do Sul para buscar mercadoria, mas neste não irá conseguir chegar a Santa Maria. É dessa cidade que o empresário compra itens de cutelaria para revender em Campo Grande.

Empresária mostra queijo do sul que está indisponível na loja. (Foto: Marcos Maluf)
Empresária mostra queijo do sul que está indisponível na loja. (Foto: Marcos Maluf)

Além de não conseguir comprar, ele relata que não poderá revender os produtos que fornece para clientes do Rio Grande do Sul. “A região está inviável de chegar porque caíram muitas barreiras e pontes, então não consigo pegar. Eu tenho clientes onde forneço chifres de boi, cabos de faca, mas as fábricas estão paradas”, diz.

Por ora, Luiz também não irá repor outra parte do estoque, pois o acesso até a outra cidade está inviável. “Caxias do Sul, que é a região do vinho, é de onde pego produtos como conservas e doces, mas ainda estamos bem abastecidos”, comenta.

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