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Cidades

Preso em operação do Gaeco é irmão de advogado "predador" do Judiciário

Thiago Cardoso Ramos é irmão de Luiz Fernando Cardoso Ramos, defensor já investigado em MT e pela OAB

Lucia Morel | 05/07/2023 15:47
Evelym Almeida Barbosa, 32, e o marido, Thiago Cardoso Ramos, 37. (Foto: Reprodução Redes Sociais)
Evelym Almeida Barbosa, 32, e o marido, Thiago Cardoso Ramos, 37. (Foto: Reprodução Redes Sociais)

Três presos preventivamente na Operação Arnaque, realizada hoje pelo Gaeco (Grupo de Atuação Especial de Repressão ao Crime Organizado), também foram flagrados em posse irregular de arma de fogo na cidade de Iguatemi, um dos principais focos da ação. Thiago Cardoso Ramos, 37 anos, Evelym Almeida Barbosa, 32, e Luana Venturini Militiz estavam em casa quando foram abordados.

Policiais da Equipe da Coordenadoria Militar em Iguatemi acompanharam o Gaeco nos mandados de busca e apreensão e de prisão na casa de  Thiago e Evelym. Questionado se possuía armas, ele levou os policiais até o quarto do casal e o revólver da marca Smith & Wesson, calibre .38, estava embaixo do colchão. Estava com seis munições intactas.

Thiago, que é advogado e irmão do também advogado Luiz Fernando Cardoso Ramos, investigado inclusive na própria OAB/MS (Ordem dos Advogados do Brasil em Mato Grosso do Sul) por mau exercício da profissão – disse aos policiais que a arma era sua, mas não registrada e que não tinha qualquer documentação do armamento.

Outra presa foi Luana Venturini Militiz, que também estava em casa quando policiais militares do DOF (Departamento de Operações de Fronteira) chegaram lá, no bairro Vila Rosa. O revólver seria do marido dela, Jackson Henrique Pereira Calonga, que não foi alvo da operação. Ele contou que era soldado do Exército Brasileiro e que a arma apreendida, um calibre .38 da marca Rossi, seria herança do padastro, que já morreu. Havia no armamento cinco munições intactas.

Todos foram encaminhados para a Delegacia de Polícia Civil de Iguatemi e passaram por exame de corpo de delito.

Cardoso Ramos – Luiz Fernando já foi alvo do Gaeco no estado vizinho, Mato Grosso, e ainda responde a processo no Tribunal de Ética da OAB/MS. Ele também foi foco de matéria da TV Bandeirantes sobre advocacia predatória no final de 2021.

Levantamento de abril do ano passado do Tribunal de Justiça de Mato Grosso do Sul indicou o advogado como um dos principais responsáveis pela chamada “advocacia predatória”, que é o ajuizamento de centenas ou milhares de ações repetitivas, ou seja, tendo o mesmo objeto, mas com autores diferentes.

Na época, o TJMS mostrou que a advocacia predatória é o “ajuizamento de causas fabricadas em lotes imensos de processos, geralmente trazidas por poucos escritórios de advocacia que praticam captação de clientela em massa”.

Luiz Fernando era o responsável por cerca de 40 mil processos desse tipo. Maior parte deles são para obter benefícios previdenciários e/ou bancários a clientes que nem mesmo haviam solicitado a abertura de ação, na tentativa de receber os valores. O Campo Grande News falou sobre o caso aqui.

Luiz Fernando em foto das redes sociais. (Foto: Redes Sociais)
Luiz Fernando em foto das redes sociais. (Foto: Redes Sociais)

O relatório do TJ citava que o profissional com 40 mil ações “foi envolvido em esquema de fraude em procurações públicas praticado em serventia extrajudicial do interior do Estado de MS”, especificamente Iguatemi.

Na época, alegando inexistência de qualquer irregularidade, o advogado afirmou que a Justiça deveria ser mais enérgica com as instituições bancárias e aponta que o valor da indenização a favor de clientes só faz cair desde 2017, citando que condenações que antes eram de R$ 15 mil por danos morais, foram para R$ 500.

“Eles falam muito em números. Mas eu garanto, se eles tivessem condenando os bancos ainda em R$ 15 mil, R$ 20 mil, R$ 30 mil como acontecem em outros tribunais, talvez não existissem mais de 40 mil ações. Porque o banco ia tomar vergonha na cara. É fácil criticar volume quando se condena um aposentado, coitado, a ganhar R$ 500 em dano moral”, disse na época.

Operação - Advogados, vereadores e servidores públicos são alvos da Operação Arnaque, deflagrada pelo Gaeco nesta quarta-feira. Eles são investigados por aplicarem golpes em banco e clientes, que somam prejuízo de R$ 190 milhões. Hoje, são cumpridos 39 mandados de prisão preventiva e 51 de busca e apreensão em Mato Grosso do Sul e outros sete estados brasileiros.

No site da advogacia Cardoso e Ramos, mostra-se atuação deles e equipes nos Estados de Bahia, Goiás, Maranhão, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Minas Gerais, Pará, Paraná, Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul, Rondônia São Paulo, Santa Catarina e Tocantins.

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