Três minutos são o suficiente para uma criança morrer afogada
Estado teve 87 casos de pessoas afogadas em rios, piscinas e baldes, até esta quinta-feira
Três minutos separam a vida e a morte de uma criança em situações de afogamento. O estado de Mato Grosso do Sul teve, do dia 1º de janeiro a 8 de dezembro, 87 casos de afogamentos, seja em rios, piscinas ou até mesmo em baldes. Os dados das ocorrências são referentes aos atendimentos realizados pelo CBMMS (Corpo de bombeiros Militar), que compete ao CBI (Comando de Bombeiros do Interior) e CMB (Comando Metropolitano de Bombeiros).
Os números revelam que houve, no período analisado, 49 afogamentos em geral (rios e piscinas), 5 afogamentos em baldes ou similares, 9 buscas e resgates de pessoas com vida em áreas alagadas e 24 buscas e resgates de cadáveres em meio aquoso. Das 87 ocorrências, 65 dos chamados foram realizados pelo CBI e 22 pelo CMB.
Antônio Cezar Pereira da Silva, tenente-coronel e chefe da Seção de Comunicação do CBMMS, explicou ao Campo Grande News que uma pessoa submersa por 180 segundos, seja adulto ou criança, pode não resistir ao afogamento. “Existem muitas variantes, mas normalmente uma pessoa submersa mais de três minutos a reversão do quadro é muito difícil”, revelou.
Ele evidenciou algumas atitudes que os pais ou responsáveis podem tomar para evitar acidentes aquáticos e afogamentos. “Nunca deixe a criança sozinha, em qualquer idade, elas devem estar sempre acompanhadas, mesmo as que já fizeram ou fazem aulas de natação; se tiver que se ausentar da área, retire a criança da água e a leve junto ou deixe outro adulto supervisionando; não use celular quando estiver cuidando de criança na piscina. A distração com o aparelho é suficiente para ocorrer um acidente. E nunca deixe um adolescente ou até um jovem cuidando de uma criança. Eles se distraem facilmente”, comentou.
O tenente acrescentou que mesmo com o uso das boias infláveis ou utensílios de flutuação, os itens não substituem a supervisão de um adulto. “Não confiem 100% neles, porque eles podem furar ou escorregar. Nada substitui o cuidado dos pais ou responsável”, finalizou.
Baldes - Quem pensa que só piscinas e rios significam perigo aos bebês e crianças está muito enganado. Até baldes e bacias podem ser responsáveis por afogamentos domésticos.
“Eles podem ocorrer através de baldes, bacias ou qualquer outro recipiente que são deixados com água. Crianças pequenas, normalmente abaixo de 4 anos, podem, ao olhar para dentro do recipiente, cair e ficar com as vias aéreas (boa e nariz) submersas e se afogarem”, pontuou Antônio Cezar.
Outros cuidados - “Evitar brincadeiras de pular na piscina. Principalmente pulos “de ponta”. Muitas piscinas possuem partes rasas e fundas em forma de degrau e os pulos podem ser mal calculados e o salto acabar sendo raso; evitar o acesso à piscina. Crianças são curiosas e em momentos de descuido elas podem procurar a piscina. Pode ser feito com cercas, grades, decks. Se na casa não houver proteção contra entrada na piscina os locais de acesso devem ser obstruídos, como portas e portões trancados. E tenha cuidado com os equipamentos de sucção. Algumas piscinas possuem. Eles podem sugar cabelos longos, a criança ou até adulto podem ficar presos. Evite brincadeiras na beira da piscina. Por ser uma área molhada fica fácil escorregar e a criança bater a cabeça”, compartilhou o tenente-coronel.
Capital - Dos 24 acidentes envolvendo água em Campo Grande, de 1º de janeiro a 8 de dezembro, foram contabilizados 11 afogamentos em geral (rios e piscinas), 1 afogamento em balde ou similar e 10 buscas e resgates de cadáveres em meio aquoso.
Último caso - Em Campo Grande o último caso de afogamento foi o do menino de 2 anos e 11 meses na manhã de segunda-feira (5), no Bairro Vivendas do Bosque. De acordo com a progenitora, a criança costumava ficar na parte rasa, que possui 40 centímetros, mas caiu na parte funda, com 1 metro de profundidade.
A mãe encontrou a criança no fundo da piscina e o pai retirou o corpo da água. Equipes do Corpo de Bombeiros e Samu (Serviço de Atendimento Móvel de Urgência) tentaram prestar socorro à vítima por cerca de meia hora, mas a criança não resistiu e faleceu ainda no local.
Ano passado - Em 2021, de 1º de janeiro a 31 de dezembro, o Estado registrou 112 ocorrências de afogamento. 63 delas referentes a rios e piscinas, 3 afogamentos em baldes ou similares, 16 buscas e resgates de pessoas com vida em áreas alagadas e 30 buscas e resgates de cadáveres em meio aquoso. 84 dos chamados foram realizados pelo CBI e 23 pelo CMB.