"Vírus me reduziu à insignificância em dois dias", diz Fábio Trad após alta

Sem fôlego, a fala carrega o cansaço de quem viveu a covid e ainda se recupera em casa após a alta. Por áudios, o deputado federal Fábio Trad (PSD) gentilmente conversou com o Campo Grande News nesta quinta-feira (27), um dia depois de sair do Hospital do Coração, onde ficou internado por duas semanas.

Com uma narrativa lenta e pausas espaçadas que mostram o quanto respirar ainda é missão difícil, Fábio Trad volta no primeiro dia de sintoma, e fala da angústia vivida durante a semana em que ficou no CTI, da atenção dos profissionais de saúde e do que realmente importa.

"Estava em viagem pelo interior do Estado quando acordei indisposto no domingo, dia 8 de novembro. Mal sabia que ali o vírus já estava instalado e se multiplicando no meu corpo", recorda.

O deputado estava cumprindo agenda e passou por 21 cidades do interior do Estado, que calculado e divulgado pela sua assessoria, totalizaram 4.178 quilômetros percorridos. No mesmo dia, ele fez o teste rápido que deu negativo, mas continuou se sentindo mal e não dormiu nada bem. Na manhã seguinte, segunda-feira, dia 9, Fábio Trad passou a ter vários sintomas. "Diarréia, dor muscular, sensação de tontura, raciocínio lento, náusea, vômito, dificuldade de urinar, febre e dor de cabeça. Mesmo tomando líquido, tive a sensação de estar desidratado", descreve.

Aconselhado a ir ao hospital, o deputado foi até o Hospital do Coração onde já foi internado. "Fiquei isolado tomando soro, sendo medicado, fiz a tomografia que constatou lesões múltiplas nos pulmões. Dias depois, caiu minha saturação de oxigênio no sangue e fui para o CTI", relata.

Aos poucos e progressivamente, o deputado conta que foi recobrando forças e superando dores, além de fazer os exercícios respiratórios da fisioterapia. O apetite também foi voltando gradativamente e ele voltou ao quarto uma semana depois, onde ficou mais um dia até ter alta nessa quinta (26).

Agora estou em casa, me recuperando para poder respirar normalmente sem ter fadiga. Quase 20 dias isolado, contato apenas com profissionais de saúde do hospital. Foram dias de intenso aprendizado e evolução espiritua. Eu me perguntava por que? E para onde eu estava correndo tanto? Em dois dias, o vírus me reduziu à insignificância. Afinal, o que importa? Me dediquei ao exercício da prece fecunda e meditativa".

Durante os 17 dias em que esteve internado, sendo sete deles no CTI, o deputado narra que houve momentos, sobretudo nas madrugadas, que sentiu "vibrações positivas sobre mim e também e o companheiro de CTI. Não me desesperei, mas tive ansiedade e angústia nos três primeiros dias de internação", revela.

No testemunho de quem superou a covid, Fábio Trad enfatiza o papel dos profissionais de saúde. "São seres angelicais, pra mim são seres espiritualmente muito elevados. Não vou nominá-los para não causar injustiça. Eles formam um time, uma espécie de comunidade de empatia e profissionalismo. Me emociono toda vez que penso neles", agradece numa pausa de quem recupera o fôlego e também segura as lágrimas.

"Se eu pensei que fosse morrer? Pensei, mas não me desesperei. Entendi que o momento exigia respeito e compreensão com as forças maiores que regem o universo. Eu não desisti, mas me permiti aceitar, embora lutando sempre".

Com 51 anos, sem comorbidades como hipertensão e diabetes, Fábio Trad faz questão de falar que sempre se cuidou, pratica exercício três vezes na semana, não fuma, só tem o sobrepeso e ainda num nível considerado moderado, além de uma vida muito agitada e estressante, como classifica.

"Me perguntei: por que meu quadro não transcorreu sem maiores problemas? Os próprios médicos não souberam responder, por isso toda cautela é necessária para evitar o contágio e a difusão deste vírus", ressalta.

Já finalizando a conversa, o deputado diz que agora se dedica à recuperação da saúde pulmonar por ainda sentir muita fadiga. "Esses dias de isolamento, de riscos e provações, eu só encontrei sentido em uma palavra que não dá para explicar, porque não tem como você verbalizar o significado, que é o amor. É o que eu tenho a relatar".