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Cidades

Alta periculosidade e risco de fuga levaram PM para presídio federal

Ligação com traficante considerado “o maior do Nordeste” e informações privilegiadas recebidas de outros policiais também são destaques em ação que determinou transferência de trio

Anahi Zurutuza e Aline dos Santos | 22/10/2018 15:01
Presídio Federal de Campo Grande, onde trio acusado de integrar quadrilha de traficantes está preso (Foto: Minamar Júnior/Arquivo)
Presídio Federal de Campo Grande, onde trio acusado de integrar quadrilha de traficantes está preso (Foto: Minamar Júnior/Arquivo)

Ligação com traficante considerado “o maior do Nordeste”, alta periculosidade, influência no meio policial e risco de fuga fizeram o juiz Dalton Igor Kita Conrado, titular da 5ª Vara Federal da Capital, determinar a transferência do subtenente Silvio César Molina Azevedo e outros dois para a Penitenciária Federal de Campo Grande. O PM é apontado em investigação da Polícia Federal como líder de quadrilha de tráfico internacional de drogas que a atuava a partir de Mundo Novo.

Além do subtenente, também estão custodiados no presídio federal Jefferson Alves Rocha e Douglas Alves Rocha Molina. Os dois últimos deram entrada na unidade no dia 11 de outubro. Já o acusado de chefiar o esquema criminoso foi transferido de cárcere em Naviraí sob forte aparato de segurança.

O grupo alvo da Operação Laços de Família é apontado responsável pela entrada de maconha do Paraguai pela fronteira e distribuir a droga para Estados.

Ao decidir pela transferência, o juiz destacou que Silvio, Jefferson e Douglas “possuem ligações com organizações criminosas dos grandes centros brasileiros” e “alto grau de periculosidade”. A ordem de transferência 2 de outubro.

Consta na decisão, que o grupo “ainda que vem utilizando-se de cargos públicos e da influência no meio policial para o cometimento de crimes, havendo, inclusive, risco de fuga”.

Silvio Molina, o policial militar preso pela PF em 25 de junho (Foto: Facebook/Reprodução)
Silvio Molina, o policial militar preso pela PF em 25 de junho (Foto: Facebook/Reprodução)
Carregamento de droga apreendido durante investigações; operação resultou na apreensão de 27 toneladas de maconha  (Foto: PF/Divulgação)
Carregamento de droga apreendido durante investigações; operação resultou na apreensão de 27 toneladas de maconha (Foto: PF/Divulgação)

Alerta de fuga – O aviso de que plano para resgatar presos da operação foi dado por servidores da Agepen (Agência Estadual de Administração do Sistema Penitenciário) e reforçado pelo comando do 12º Batalhão da PM, que fica em Naviraí, conforme documento enviado pelo delegado federal, Nilson Zoccarato Ribeiro Negrão, à 3ª Vara Federal de Campo Grande.

O documento cita Douglas, que é conhecido como Bodinho, que estava internado na Penitenciária de Segurança Máxima de Naviraí. No plano de resgate também estariam incluídas Roseléia Teixeira Piovezan Molina Azevedo e Jéssica Piovezan Azevedo Molina, mulher e filha de chefão do grupo, que estão presas no Estabelecimento Penal Feminino de Jateí.

Ajuda “oficial” – Douglas já havia sido preso por homicídio e no cárcere em Mundo Novo. Ainda conforme destaca o juiz federal ao determinar a transferência, enquanto esteve preso tinha acesso a celular, visitas sem nenhuma regulação e recebia alertas sobre eventuais inspeções nas celas.

A investigação da PF aponta ainda que a quadrilha tinha ajuda do irmão do Silvio, que é policial civil, e de PM de São Pualo.

Ligação com traficante – Na decisão, o magistrado destaca a ligação da quadrilha com Adayldo Freitas Ferreira, vulgo Bebê, réu em ação resultado da investigação da PF e apontado como “o maior traficante do Nordeste”.

Adayldo foi preso em Mato Grosso do Sul em meados de 2016, junto com Jefferson. Os dois tentavam entrar com armas de fogo no território brasileiro a partir do paraguai. Ele, segundo a PF, é comprador de ao menos uma das cargas de maconha interceptadas durante as investigações – cerca de 3 toneladas apreendidas em Guaíra há dois anos.

Estava foragido até meados deste ano – fugiu da Santa Casa de Rio Branco, onde foi internado para a retirada de um projétil perto da coluna.

Operação - O MPF (Ministério Público Federal) denunciou 22 pessoas avaliando haver evidências sobre a prática de tráfico transnacional de drogas, associação para o tráfico, lavagem de capitais e posse ilegal de arma de fogo. No dia 23 de agosto, a Justiça Federal aceitou a denúncia.

Conduzida pela Polícia Federal, a Laços de Família ganhou este nome por envolver familiares de Silvio e Jefferson Molina (o Jeffinho, filho de Silvio, morto em 2017 em Mundo Novo).

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