De volta, Fernandinho Beira-Mar nunca perdeu laço familiar em Campo Grande
Em 2008, quando estava preso na Capital, ele foi delatado em plano para sequestrar filho de Lula
De volta a Campo Grande, o narcotraficante Luiz Fernando da Costa, o Fernandinho Beira-Mar, nunca perdeu os laços familiares com a cidade. Um dos filhos continuou na cidade, mesmo depois da transferência do pai para Mossoró. Ele é acadêmico da UCDB (Universidade Católica Dom Bosco) e procurado nesta sexta-feira (dia 20) ao Campo Grande News, disse apenas que não quer se expor.
A família de Beira-Mar foi alvo em 2017 da operação Epístola, realizada pela PF (Polícia Federal). Mesmo preso na penitenciária federal de Porto Velho (Rondônia), ele chefiava negócios que chegaram a movimentar R$ 9 milhões em vários Estados, incluindo Mato Grosso do Sul, por meio de bilhetes que enviava para familiares e advogados.
O filho que mora em Campo Grande chegou a ser preso por movimentação de R$ 5,1 milhões nas contas de seus sogros e por atuar na administração de fazenda ligada ao grupo criminoso.
Em fevereiro do ano passado, o TRF 1 (Tribunal Regional Federal da 1ª Região) substituiu a prisão preventiva por medidas cautelares e o acadêmico comparece bimestralmente à Justiça Federal de Campo Grande. A última vez foi em 9 de setembro. Para conseguir a liberação, a defesa destacou que nenhum dos demais investigados o mencionou em prática de ilícito.
Beira-Mar já foi interno do presídio federal de Campo Grande entre 2007 e 2010. O Depen (Departamento Penitenciário Nacional) informa que, por questões de segurança, não dá detalhes sobre transferência de presos. “Ressaltamos, no entanto, que transferências entre as unidades do Sistema Penitenciário Federal são rotina”. Ele chegou no começo da noite de quinta-feira.
Operação X - Em 2008, Fernandinho Beira-Mar foi um dos pivôs da Operação X. O traficante colombiano Juan Carlos Abadia, que também estava preso em Campo Grande, teria revelado ao serviço de inteligência do Depen que Beira-Mar preparava uma fuga mediante extorsão e sequestro de parentes de autoridades no Legislativo, Executivo e Judiciário.
Um dos alvos seria um dos filhos do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Em seguida, Abadia obteve a extradição. Beira-Mar já coleciona condenações por homicídio, tráfico de drogas, formação de quadrilha e lavagem de dinheiro que ultrapassam os 320 anos de cadeia.