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Capital

"Estou bem, agora eu brinco", fala menino que era torturado pelos tios

Nadyenka Castro | 17/03/2013 12:15
Espaço da casa onde a criança ficava. (Foto: Rodrigo Pazinato/ Arquivo)
Espaço da casa onde a criança ficava. (Foto: Rodrigo Pazinato/ Arquivo)

“Agora eu brinco, vou para o colégio e de vez em quando jogo vídeo game”, conta o menino de sete anos que era torturado pelos tios, em Campo Grande. Ele voltou a morar com a mãe, em Nova Olímpia, interior do Mato Grosso, depois de dias difíceis em Mato Grosso do Sul.

O menino morava no bairro Nova Lima e, depois de várias agressões, fugiu da casa, no início de fevereiro. Uma moradora do bairro viu a criança com uma sacola de roupas e com ferimentos pelo corpo e acionou a Polícia.

O casal responsável pela criança acabou preso. O menino foi submetido a exames, sendo confirmado edema no pênis, que havia sido lixado pelos tios, fraturas em dedos das mãos, nos dentes e outros hematomas. Uma das unhas do pé do garoto foi arrancada com alicate.

Foi verificado que o menino não entrava no interior do imóvel e ‘morava’ numa espécie de canil, sendo até obrigado a comer fezes. Vistoria na casa apontou que o local “tem vestígios de condições insalubres”.

Enquanto os tios foram para a cadeia, a criança foi para um abrigo e ficou sob cuidados médicos. Dias depois, a mãe chegou à Capital, o pequeno se recuperou rapidamente e eles voltaram para o Mato Grosso. O garoto estava com os tios fazia oito meses, segundo a mãe.

Há um mês cuidando do filho de novo, a mulher de 33 anos e mãe de outros dois meninos, diz que se arrepende de ter deixado o mais novo morar com a madrinha. “Me arrependo muito de ter confiado no tio dele e na madrinha. Ela dizia que o sonho dela era ficar com ele”.

Ela conta que o filho agora se alimenta bem e nesta semana inicia tratamento psicológico. Segundo a mulher, os ferimentos estão cicatrizando.

O pequeno agora divide a casa com dois irmãos – de 16 e 10 anos, com a mãe e o padrasto. Dorme no mesmo quarto que os irmãos, mas, em cada um na sua cama. Está matriculado no 2º ano do Ensino Fundamental de uma escola pública e diz que está bem. “Eu estou bem. Está tudo sarando [os ferimentos]. Agora eu brinco”, diz.

O pequeno fala ainda que não quer voltar a morar com os tios,mas, gostaria de retornar para Campo Grande. Antes de voltar para o Mato Grosso ele pediu para se despedir da equipe da Depca (Delegacia de Proteção à Criança e ao Adolescente), em forma de agradecimento.

O pai do menino estava preso por homicídio e dias depois de saber da situação do filho, saiu da cadeia.

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