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Capital

Vítima do trânsito chega a custar quase R$ 50 mil para os cofres públicos

Viviane Oliveira | 31/01/2016 09:34
Segundo o médio, o trabalho mais barato é a prevenção. (Foto: Simão Nogueira)
Segundo o médio, o trabalho mais barato é a prevenção. (Foto: Simão Nogueira)

No ano passado, a Santa Casa atendeu no setor de urgência e emergência, 6.368 vítimas de acidente de trânsito, sendo que 4.271 eram motociclistas, o que significa 67% dos pacientes. A maioria, 70%, sofreu traumas de média ou alta complexidade como fraturas, esmagamento e amputações. Das 2.800 cirurgias realizadas pelo hospital, em torno de 1.200 foram no setor de ortopedia.

Conforme o médico José Mauro Filho, diretor clinico e ortopedista da unidade, 30% dos pacientes que dão entrada no hospital passam por pequenos procedimentos, como trações e pequenas fraturas expostas. Já 40% deles, são traumas de média complexidade, sendo fraturas de punho, antebraço, cotovelo. Outros 30%, são vítimas que sofreram esmagamentos e amputações. “Os dados são de todo o setor do trauma, porém mais de 45% são vítimas do trânsito”.

A quantidade de acidentes preocupa por causa da imprudência e porque atinge uma população muito jovem, com lesões que podem deixar o paciente com sequelas para o resto da vida. “O trabalho mais barato é a prevenção e, com certeza é o melhor resultado”, destaca o ortopedista.

A Santa Casa não precisa quanto um paciente vítima do trânsito custa em média para o hospital, mas cita o exemplo de dois motociclistas que sofreram várias fraturas em decorrência de acidente.

No caso de um paciente de 64 anos, que passou pelo serviço de neurologia e ficou 21 dias internado, do dia 11 de junho a 6 de julho, custou para o hospital R$ 37.465, 38. Desse valor, o SUS (Sistema Único de Saúde) pagou por esse paciente pouco mais de R$ 14 mil.

O segundo exemplo é de um jovem de 27 anos, que ficou 24 dias internado. Ele sofreu múltiplas fraturas e precisou passar por vários procedimentos. No total, o paciente custou R$ 49.916,37. “Nesse caso, o SUS pagou R$ 18.445,74. O hospital teve que arcar com mais de R$ 31 mil”, diz a Santa Casa. Nos dois exemplos, a diferença foi coberta pela receita própria da unidade.

O problema ainda mais grave é quando o acidente resulta em morte. (Foto: Simão Nogueira)
O problema ainda mais grave é quando o acidente resulta em morte. (Foto: Simão Nogueira)

Segundo José Mauro, o SUS paga em média 65% de cada atendimento, porque há diferença entre o valor pago pelo sistema público e o preço cobrado pela rede privada de saúde. “Paciente que custa caro para o hospital vai passar por várias especialidades, inclusive pelo CTI (Centro de Terapia Intensiva). O hospital trabalha com cerca de R$ 20 milhões mensal, metade desse orçamento vai para cirurgias na área de ortopedia”, explica.

O médico lembra que a situação vem sendo tratada como epidemia do trauma e tem linhas de crédito direcionada a esse paciente. No entanto, acidentes de trânsito se tornaram um surto não causado pela saúde e tem reflexo direto no SUS e no sistema previdenciário, pois a maioria está na idade de produzir. Em casos graves, a vítima de acidente não retorna para a função que exercia no trabalho. 

Ainda segundo o ortopedista, cada dia que passa o tipo de trauma vem mudando e os recursos disponibilizados para o setor não acompanha a velocidade das mudanças. “Hoje, os acidentes são diferentes de anos atrás, que o trauma era de uma pessoa que havia caído do cavalo ou de bicicleta”, explica.

Epidemia - De janeiro até novembro do ano passado, foram contabilizados somente na Capital 10.260 acidentes, sendo 7.580 com vítimas e a maioria motociclistas, conforme dados do Detran (Departamento Estadual de Trânsito). O problema ainda mais grave é quando o acidente resulta em morte.  A maioria dos óbitos ocorridos em 2015 foi de motociclistas, o que significa 67%. No total, foram contabilizados 93 óbitos, sendo 62 condutores de motos, segundo dados da Agetran (Agência Municipal de Transporte e Trânsito). 

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