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Capital

A 5 dias do inverno, infectologistas alertam para necessidade de restrições

Especialistas enxergam com cautela a questão da reabertura do comércio, academias e liberação de cultos e missas durante pandemia

Maressa Mendonça | 16/06/2020 08:00
Trabalhador usa casaco e máscara em dia frio na Capital sul-mato-grossense (Foto: Arquivo/Henrique Kawaminami)
Trabalhador usa casaco e máscara em dia frio na Capital sul-mato-grossense (Foto: Arquivo/Henrique Kawaminami)


A menos de uma semana para o início do inverno e Mato Grosso do Sul já registra mais de 3,5 mil casos e 33 mortes pelo coronavírus. A preocupação dos especialistas é que com o tempo seco e queda nas temperaturas os números aumentem de forma desenfreada. A solução, segundo eles, é intensificar as medidas que garantam isolamento social.

“Está comprovado que o principal fator para desencadear a propagação do vírus é a aglomeração”, lembra o infectologista Rivaldo Venâncio, professor do curso de Medicina da UFMS (Universidade Federal de Mato Grosso do Sul).

O médico afirma que a população já foi orientada sobre as medidas de prevenção, mas parece ignorar. “Vemos ônibus lotados, academias funcionando, shoppings cheios, templos funcionando. Todos sabem as recomendações”.

Nas últimas três semanas, as confirmações da doença começaram a disparar no Estado. Boletim da SES (Secretaria de Estado de Saúde) e pela Sesau (Secretaria Municipal de Saúde) já indica 3.551 casos em 57 municípios. Campo Grande soma 720 infectados.

Com as temperaturas mais baixas e tempo mais seco a partir do dia 20, inicio oficial do inverno, a tendência é que esses números cresçam ainda mais. “Pode causar algum ferimento na mucosa, facilitando a penetração do vírus”, explica o médico.

Os números crescentes de hoje, são, inclusive, também reflexo da primeira onda de frio do início do mês, em 2 de junho.

A infectologista Andréa Lindenberg pontua ser comum o aumento das doenças respiratórias no inverno e, por isso, a covid-19 é uma preocupação a mais durante a pandemia. “Pode impactar sobrecarregando os hospitais”, reforça.

Dados da SES apontam para 30 pessoas internadas com coronavírus na macrorregião de Campo Grande que, abrange 34 municípios. Deste total, 20 estão em leitos clínicos e outras 10 em UTIs.  Em todo o Estado, são 83 internados, sendo 41 em hospitais públicos e 42 em hospitais privados. “As pessoas agem como se nada estivesse acontecendo”, lamenta Andréa.

Questionada se o momento não seria de aumentar a rigidez no isolamento, Andréa responde que isto fica a critério dos gestores de Saúde do Estado e Município e pontua que a decisão não é feita em um único sentido. Dentre os fatores a serem avaliados, ela reforça a análise da quantidade de leitos disponíveis.

A também infectologista Lis Regina Calixto Alves Renno lamenta o relaxamento do isolamento social. entre os campo-grandenses. “Passei pela Avenida Bom Pastor no feriado e estava lotado. Precisam fiscalizar mais”, disse.

Lis acredita que algumas pessoas ainda não acreditam nos riscos do coronavírus. “A gente está vendo disparar os números e isto está relacionado ao baixo isolamento social”, diz.

Ela alerta que os resultados das aglomerações no feriado serão percebidos daqui duas semanas, quando as confirmações da doença devem aumentar. Lis pontua ainda que parte deste aumento recente pode estar relacionada a frente fria que ocorreu em Campo Grande no início do mês.

“No frio temos a tendência a ficar mais aglomerados e em locais mais fechados, mesmo sem perceber. Tem que tomar cuidado”.

Os cuidados a que os médicos se referem são o isolamento social, higienização frequente das mãos e uso de máscaras. “Não existe fórmula mágica, não existe o ‘pulo do gato’ e por enquanto não existe vacina. É só o isolamento social”, completou Venâncio.

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