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Capital

A cada quatro pacientes, 1 falta a consulta em unidade da prefeitura

Sem "sumiço" de pacientes, Centro de Especialidades Médicas teria 100 mil vagas em 1 ano

Anahi Zurutuza | 15/03/2020 07:08
A cada quatro pacientes, 1 falta a consulta em unidade da prefeitura
No ano passado, 267,1 mil pessoas fizeram consultas e exames no Centro de Especialidades Médicas (Foto: Kísie Ainoã)

Cada 4 pessoas que marcam consulta no CEM (Centro de Especialidades Médicas), 1 falta, mesmo depois da confirmação prévia ao horário agendado com médico especialista. Segundo a Sesau (Secretaria Municipal de Saúde Pública), se os pacientes não “sumissem”, a oferta de vagas seria 25% maior.

A secretaria explica que o CEM trabalha com dois tipos de marcações de consultas, aquelas reguladas (agendada por uma central a pedido dos médicos dos postos de saúde) e os retornos, marcados pela própria equipe. Na semana da visita ao médico, o paciente é avisado e confirma se estará presente.

A abstenção, contudo, varia de 25% a 30%, dependendo da especialidade. Significa que o médico está a disposição e naquele horário poderia atender outra pessoa, reduzindo o tempo de espera nas “filas” do agendamento. “Pacientes que aguardam por consultas acabam sendo prejudicados, já que, com a negativa prévia da presença na consulta, tanto o Sisreg quanto a equipe da unidade poderia tentar recuperar a vaga, garantindo que outras pessoas na fila fossem atendidas”, informou a Sesau, via assessoria de imprensa. 

A cada quatro pacientes, 1 falta a consulta em unidade da prefeitura
Arte: Ricardo Gael

No ano passado, foram 83,7 mil consultas – média de 350 por dia – e 64,4 mil exames realizados no Cadim (Centro de Apoio e Diagnóstico Municipal), que pertence ao completo do centro de especialidades.

O aposentado José Ramão Moraes, de 59 anos, se lembra de ter faltado a exame há um ano, mesmo depois de ter confirmado a presença. A culpa não foi dele. “O ônibus estragou na estrada, a gente teve de voltar”, conta o paciente, que era peão de fazenda em Rio Negro e sofreu acidente enquanto cavalgava. Ele e o cavalo “capotaram”, o bicho morreu.

Ramão conseguiu na manhã de sexta-feira (13) passar por investigação para dor na perna direita que não cura. “É muito demorado, 2 anos para conseguir. Difícil”.

Já João Carlos, de 15 anos, passou 1 ano tomando remédios paliativos para dor no estômago porque só na semana passada conseguiu passar por uma endoscopia. Ele mora com a família em Camapuã. “Se fosse algo grave, se precisasse de cirurgia, só ia saber agora, poderia ter piorado”, afirma Cristiane Aparecida da Silva, de 30 anos, mãe do adolescente. 

A cada quatro pacientes, 1 falta a consulta em unidade da prefeitura
Paciente recebe atendimento (Foto: Kísie Ainoã)
A cada quatro pacientes, 1 falta a consulta em unidade da prefeitura
Fila para pegar remédios (Foto: Kísie Ainoã)

Os resultados dos exames ficam disponíveis para os pacientes por até seis meses, se não forem retirados, são encaminhados ao arquivo morto. A Sesau não tem estatística, mas na unidade há pilhas de exames abandonados.

“Outro setor do complexo CEM que possui uma grande demanda e acaba sendo prejudicado tanto pela abstenção, quanto pela não retirada dos exames realizados é o Cenort (Centro Ortopédico Municipal)”, informa a Sesau e completa que o setor fez 119 mil atendimentos em 2019. Exames descartados desperdiçam material e sobrecarregam as máquinas, registra a secretaria.

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Os resultados dos exames ficam disponíveis para os pacientes por até seis meses, se não forem retirados, são encaminhados ao arquivo morto (Foto: Kísie Ainoã)
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